CAMPO DA MORTE: CASO N.º 49: DEPOIS DO FUNERAL, A MORTE

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VÍTIMA: Manuel Rui Luís da Silva “PCB”, 19 anos, natural de Luanda; António Agostinho Manuel “Stony Latchutcho”, 20 anos, natural do Uíge; “Da Menina”; e mais um indivíduo não identificado

DATA: 19 de Abril de 2016

LOCAL: Campo da Morte, bairro 6, município de Viana

OCORRÊNCIA:

Depois de assistirem ao funeral de um vizinho, os quatro jovens ficaram a conversar na primeira rua do bairro 6. De acordo com o depoimento de Zinha, irmã de PCB, pelas 13h00 os jovens foram cercados e detidos por vários elementos à paisana, que se identificaram como agentes do SIC.

“Foram pessoas do SIC, os mesmos que fizeram a razia no bairro”, conta. Transportados numa carrinha até ao Campo da Morte, a poucos minutos do local de detenção, os rapazes foram então fuzilados. “O meu irmão apanhou cinco tiros, dois da cabeça”, revela Zinha.

Sem revelar o seu nome, a irmã de Stony Latchutcho confirma que este foi cravejado com seis tiros, incluindo na cabeça. Latchutcho encontrava-se em liberdade desde Janeiro anterior, depois de ter passado seis meses na Comarca Central de Luanda. “Ele e os amigos tinham furtado uma botija de gás. Ele não trabalhava”, explica a irmã. Ao todo, Latchutcho esteve detido três vezes por furto.

Em Dezembro do ano anterior, PCB estivera detido por semana na Esquadra dos Contentores (junto à Moagem do Kikolo), por suspeita de furto. Estudava a 11ª Classe e tinha conseguido arranjar emprego. Estava a dias de começar a trabalhar quando foi fuzilado, conforme relato da irmã.

 

Fonte: «O campo da morte – Relatório sobre execuções sumárias em Luanda, 2016/2017», Rafael Marques de Morais

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