Camponeses acusam subcomissário Joaquim do Rosário com novas estratégias de expropriação de terrenos

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O porta-voz de camponeses da zona de 11 de Novembro, Daniel Neto revela que o comandante de Talatona, subcomissário Joaquim do Rosário, adoptou uma nova estratégia, após a exoneração de Rui Duarte da Administração Municipal, para a contínua usurpação de terrenos, no Distrito Urbano da Cidade Universitária, em Luanda.

Esta estratégia, segundo o também tenente coronel das FAA, passa pela instrumentalização da antiga sócia da empresa, senhora Konda Marta, 71 anos, para admitir publicamente que as camponesas que diariamente reivindicam já foram indemnizadas, “quando na verdade não passam de mentiras”.

O comandante de Talatona criou uma equipa de “avanço” constituída por um agente da Polícia Nacional, 3º subchefe Ediscurinho Manuel, natural do Quipungo, província da Huíla, um cidadão que entrou em 2014 nas Forças Armadas Angolanas (FAA), propriamente na Região Militar de Luanda, pelas “mãos” do tenente coronel, Daniel Neto, figura com quem agora guerreia na usurpação de terrenos que a empresa “Konda Marta” alega ser sua propriedade à favor do subcomissário Joaquim Dadinho do Rosário.

O grupo integra igualmente um cidadão que se intitula como filho da dona Konda Marta, identificado por “Mitcha”, antigo instrutor do Serviço de Investigação Criminal (SIC), em Luanda, expulso há anos das fileiras por alegada má conduta.

Segundo apurou o Club-K, o grupo recebido na semana passa pelo comandante do Talatona no seu gabinete, cuja nova estratégia passa por denegrir a imagem de Daniel Neto, afirmando que possui documentos falsos e que os camponeses foram indemnizados, com vista à salvaguarda dos seus interesses, pois alguns dos terrenos já foram vendidos na sua maioria aos empresários chineses, daí uso constante dos órgãos de defesa e segurança contra os indefesos camponeses, que há anos lutam no terreno para conseguir um tecto para morar.

Daniel Neto disse que, com a exoneração do administrador Rui Duarte, “seu aliado no processo de expropriação”, teme que seja igualmente afastado do Talatona, por este facto, avançou, “optou por uma nova estratégia para cuidar dos seus interesses usando inclusive antigos funcionários da empresa”.

Marcha remarcada para sábado, 28 deste mês

O porta-voz das camponesas revelou que a marcha que tinha sido agendada para a quinta-feira, 19, no Largo 1º de Maio, que visava “agradecer” ao Governo Provincial de Luanda (GPL), na pessoa do seu titular, Manuel Homem, pela “coragem” que teve em exonerar o administrador do Talatona, Rui Duarte.

Duarte é tido como um dos “rostos da invasão” de terrenos de camponeses nas zonas do 11 de Novembro e Lar do Patriota, em Luanda.

A marcha marcada para o período da manhã de sábado, 28, tem a concentração defronte ao Cemitério de Santa Ana e vai seguir até ao Largo do 1º de Maio, onde deve ser lida uma “nota de agradecimento”.

“Estamos contentes, incluindo crianças, ao tomar conhecimento de que foi tirado do caminho um inimigo”, disse uma das camponesas, que agradece o governador de Luanda.

Os camponeses apelam o ministério do Interior, Eugénio Laborinho, para que seja igualmente exonerado o subcomissário Joaquim do Rosário, pois dizem que, a semelhança do então administrador Rui Duarte, o comandante municipal do Talatona, “é outra pedra no sapato dos camponeses”.

“O Joaquim do Rosário transformou o Talatona como um país independente com o seu exército, uma vez que quando chegam aqui os agentes da Polícia Nacional massacram e maltratam o povo”, lamentou outra camponesa, acrescentando que “por causa dos actos maléficos do comandante do Talatona os cidadãos tendem a se revoltar contra o Estado angolano”.

A Rádio Angola tentou sem sucesso ouvir o comandante da Polícia Nacional no Município do Talatona.

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