Camponesas da “Konda Marta” recuperam terreno vendido aos chineses

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Centenas camponesas retomaram, quinta-feira, 14, o terreno de mais de 105 hectares, no distrito urbano da Cidade Universitária, município do Talatona, em Luanda, após um longo período fora do recinto, devido alegada usurpação do espaço por supostos oficiais da Polícia Nacional e das FAA, com o suporte altos funcionários da Administração do Talatona.

As vítimas que se dizem usurpadas por elementos que detêm o poder económico e que usam o nome do Estado e suas instituições, para satisfazerem interesses pessoais, afirmam que vivem numa situação crítica, pois a única esperança que têm “é o Governo Provincial de Luanda concedê-las as licenças de construção para erguer um tecto para morar”.

Recentemente, o administrador municipal do Talatona, Rui Duarte, terá “aliciado” as mesmas camponesas vítimas com máquinas de fazer pipocas e motorizadas de três rodas, para que abandonem em definitivo o terreno em causa. “A atitude do administrador foi uma ofensa moral para nós as camponesas”, desabafou uma das vítimas.

As senhoras garantem que não mais sairão do espaço e alertam as forças de defesa e segurança (Polícia Nacional, Forças Armadas Angolanas e SIC) a pararem com a violência contra as indefesas camponesas.

O porta-voz dos camponeses, Daniel Neto, disse que, sempre que defende os camponeses, “é logo conotado como opositor ao poder”. Disse que não faz sentido o governador de Luanda pedir um parecer ao administrador do Talatona, Rui Duarte, que segundo os camponeses “faz parte do grupo que expropria” os terrenos no Talatona.

“Neste país não gostam de quem defende aos que mais sofrem, por isso é que na semana passada, surgiu uma notícia que eu estava a fundar um partido político, o que é pra mentira”, disse.

À imprensa, o porta-voz dos camponeses Daniel Afonso Neto, director-geral da “Sociedade Konda Marta”, disse que “desta vez foi reposta a legalidade e o partido MPLA deu mostras que reconhece que o povo é que lhe colocou no poder”, afirmou o defensor das camponesas, tendo salientado que “as pessoas que ficam à frente das instituições do Estado é que têm manchado a boa imagem do partido no poder”.

Daniel Afonso Neto enalteceu a vontade e empenho do Governo da Província de Luanda (GPL), na pessoa do seu titular, Manuel Homem, que segundo disse “reconheceu que o terreno é propriedade das camponesas”.

Fez saber que no terreno pretendem, para além de construir casas para as camponesas, erguer vários serviços sociais em benefício da comunidade da capital do país. “Agora estamos em condições para construirmos as residências condignas das camponesas e outros serviços”, garantiu.

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