CAMPO DA MORTE: CASO N.º 46: “O MEU TIO ERA MESMO GATUNO”
VÍTIMA: Mateus André Manuel “Cabeça”, 27 anos, natural de Malanje; três outros jovens cuja identidade se desconhece
DATA: 6 de Junho de 2016
LOCAL: bairro 6, Campo da Morte, município de Viana
OCORRÊNCIA:
“O meu tio era mesmo gatuno. Já esteve detido quatro vezes. Mexia mesmo”, relata a sobrinha de Mateus “Cabeça”, preferindo não ser identificada.
Já passava das seis da manhã quando Cabeça foi encontrado em casa da irmã, no bairro 6, em conversa com dois amigos que a família desconhecia.
“Foi o SIC quem os tirou de casa. Deram um giro com eles e por volta das 8h00 levaram-nos para o Campo da Morte, onde foram fuzilados. O tio Cabeça levou dois tiros na cabeça”, explica.
“Os corpos passaram a noite no local do crime, porque não havia carros para a recolha de cadáveres. Nesse dia, o SIC matou muito. Foram cerca de 14 pessoas ao todo”, revela.
A sobrinha indica que Cabeça “arranjava muitos problemas para a família”. Como forma de o afastarem da delinquência, enviaram-no para Malanje, onde passou seis meses. “Mas não ouvia conselhos.” Regressou para a morte.
Fonte: «O campo da morte – Relatório sobre execuções sumárias em Luanda, 2016/2017», Rafael Marques de Morais