Cafunfo: Mota-taxista escapa morte do agente da Polícia de Guarda Fronteira e pede justiça

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Um homem que afirma ter escapado à morte, na vila de Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda-Norte, clama por justiça e responsabilização criminal de um suposto agente da Polícia de Guarda Fronteira (PGF), que responde pelo nome de “Xarrua”, destacado na 6ª Brigada da Polícia de Guarda Fronteira  de Cafunfo.

*Jordan Muacabinza|Cafunfo

O efectivo em causa está a ser acusado de ter agredido fisicamente no dia 28 de Agosto, com uma coronhada de pistola, na via pública, um jovem de 34 anos, provocando ferimentos na cabeça.

Em declarações à Rádio Angola, a vítima (Genito Jeremias Maianda), natural de Camaxilo, em Caungula, disse desconhece até ao momento as motivações para ser “brutalmente” espancado pelo agente, ao princípio da noite do dia 28 de Agosto último, quando regressava a sua casa vindo do bairro Kanvunji, no município de Xá-Muteba, onde tem feito serviço de Mototáxi para o sustento da família.

A agressão aconteceu nas mediações de 820, no bairro Pone, onde disse ter encontrado um “predador” agente de Polícia de Guarda Fronteira (PGF) acompanhado por um Motoqueiro, parados na via pública.

“Mandaram-me parar, o que obedeci, pois pensei que tivesse avariado estivesse avariado e precisavam de socorro, mas quando desliguei a motorizada, o agente apontou-me com a pistola na cabeça, disse-me vou te matar, sem mais nada, repetiu duas vezes, vou-te matar aqui, quando perguntei os motivos, respondeu-me que você estava a me colar”, contou trêmulo.

Segundo ainda a vítima, tal só não aconteceu “graças” ao aparecimento de uma viatura cânter que terá desencorajado o agente da Guarda Fronteira.

“Enquanto tentava repetir as mesmas palavras, de repente vi uma viatura de marca canter que sempre faz serviço de táxi naquele troço Cafunfo à comunidade de Luremo, o predador disse-me, tens muita sorte se não iria te matar, em seguida bateu me com a pistola pela cabeça, que resolveu em uma ferida grande que deixou-me ensanguentado”, lamentou.

“Depois de ver a sangrar, o suposto agente meteu-se em fuga em direção a vila de Cafunfo, de repente surgiu um amigo identificado pelo nome de Marcos, que também lhe informei do sucedido, e este quem me socorreu até nas proximidades do posto controlo do 820”.

Disse que quando chegou próximo do posto policial encontrou cinco agentes da Polícia de Ordem Pública “e gritei não abrem controlo, e os agentes em serviço encerraram o controlo de modo a impedir o agente para que não passasse, os agentes que estavam no posto me viram a sangrar tanto, lhes informei do sucedido, e perguntaram no agente em causa, porque bateste e feriste o cidadão, em resposta disse, porque ele estava a me colar com a sua motorizada”.

Os agentes do posto “disseram que, isso que você fez é crime e tens de levar o cidadão ao hospital para ser assistido”.

Fontes da Rádio Angola indicam que o suposto efectivo da Guarda Fronteira se encontra detido, facto que o cidadão que denuncia exige que se faça justiça.

“Um agente da Ordem Pública, que esteve muito solidário comigo, disse nos seus colegas que, não podemos deixar o cidadão ir sozinho com esse colega pode vir fugir, e não só,” me levou até ao Hospital Regional de Cafunfo, onde o médico também negou de me assistir e precisava que viesse com o agente que cometeu tal crime, em seguida o médico me perguntou se já tinha feito a participação na 2ª Esquadra da Polícia Nacional”, disse.

Relatou ainda que quando foi apresentar a queixa-crime à Secção de Investigação Criminal de Cafunfo, alguns minutos depois o agente foi detido tendo sido recebido a pistola, a mesma estava cheirar a pólvora, receberam também o telemóvel, tirou as botas e logo foi posto na celas.

A vítima acrescenta que “aqui somos mortos, espancados, e maltratados culpando assim bandidos, no fundo bandidos são os agentes da Polícia, que queriam me matar naquela noite”.

A população pede ao Procurador-Geral da República e ao comandante geral da Polícia Nacional para que se faça justiça e a responsabilização criminal do agente e de modo a pôr fim a todas essas práticas indecorosas.

Sociedade civil condena acto do agente da PGF

Os membros da sociedade civil na vila de Cafunfo e no município do Cuango, dizem que esses casos que os agentes da Polícia de Guarda Fronteira têm vindo a cometer são frequentes e apontam um caso recentemente de uma jovem, que quase perdia vida, depois de sofrer também espancamentos brutais pelo outro agente de Guarda Fronteira da mesa 6ª Brigada da Guarda Fronteira.

“Não ouvimos o julgamento nem punição dos agentes que cometem tais actos criminosos, esses agentes andam em pune e são bem protegidos pelos seus comandantes, e importa aqui dizer que no município Do Cuango não existem órgãos competentes para julgar tais casos”, disse o activista Neves Tito.

O defensor dos direitos humanos, Neves Tito, ativista, lembrou que outro efectivo do Serviço de Investigação Criminal (SIC) do Cuango, em 2005 havia alegadamente assassinado uma criança de dois anos na área de Lucola Sengue.

“Esse agente tinha fugido, não ficou preso, este continua a ser protegido, também o mesmo para além do menor que tinha atingido mortalmente, em Outubro passado espancou o defensor dos direitos humanos, pelo Front Line Defenders e correspondente pela Rádio Angola (em serviço da Freands Of Angola), em Cafunfo, neste  caso e vários outros, estão na PGR,  nunca ouvimos que os supostos agentes que cometem tais crimes andam atrás das grades”, sublinhou.

Após a denúncia do moto-taxista que disse ter escapado à morte pelo agente da Polícia de Guarda Fronteira, um oficial da PGF, cuja identidade ocultamos propositadamente pediu a um dos defensores de direitos humanos para que eliminasse vídeo que denuncia o assunto posto a circular nas redes sociais, em resposta, disse que “o que está escrita está e não pode ser apagado”.

Radio Angola

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