CABINDA: GOVERNADOR ASSUME QUE NÃO ADMITE MANIFESTAÇÕES
O governador de Cabinda, Eugénio Laborinho, deixou claro que “não admite manifestações” no enclave por acreditar que “actos do género causam balbúrdia no seio da cidade”.
Texto de Rádio Angola
As palavras acima foram proferidas por Eugénio Laborinho ao advogado e activista Arão Tempo no dia 4 deste mês, que decorreu na sede do governo provincial a convite do governante. O resumo da reunião foi enviada a RA pelo causídico com o propósito de mostrar “o comportamento do Governo em relação à Cabinda”.
“Não há vontade de acabar com a guerra em Cabinda. Continuam a morrer gente por falta de investimentos que permitam o povo comprar o que pretende. Sem porto e infraestruturas sociais e económicas”, lamenta.
O tema das manifestações surgiu quando o advogado abordou a forma como a Polícia Nacional reprimiu a marcha de 16 de Dezembro de 2017, organizada pela Associação para o Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos (ADCDH), em que se exigia respeito pelos Direitos Humanos na província. Nesse dia houve detenções de participantes, “apesar da sua legalidade e da sua não-proibição pela entidade máxima” de Cabinda.
Em resposta, o governador, para além de dizer que “não admite manifestações porque actos do género causam balbúrdia no seio da cidade”, sustentou a repressão com o não reconhecimento formal da associação, e acrescentou que, mesmo que fosse legalizada, “concederia um campo para a realização da marcha”.
Ao longo do encontro, Eugénio César Laborinho gabou-se por algumas obras feitas, com realce às estradas, e prometeu que “nos próximos dias serão implementação alguns investimentos sociais na província”. Disse também estar disposto a auscultar os cidadãos “que queiram abordar assuntos relacionados à província”.
Arão Bula Tempo, ao tomar a palavra, começou por louvar a iniciativa do governador, tendo em seguida deplorado a “situação crítica sobre a degradação social que vive o povo de Cabinda e do abandono do mesmo durante 42 anos pelo governo de angolano”. Recordou as guerras que aconteceram em Angola e o esquecimento de Cabinda nos acordos entre as partes em conflito – Governo/MPLA e UNITA.
“O governo de Angola continua a intensificar, até agora, conflitos armados e não implementou sequer investimentos sequer investimentos sociais, sujeitando apenas o povo de Cabinda à opressão, à repressão, à discriminação, aos tratamentos cruéis (tortura, assassinatos, perseguições, intolerância política, degradação social), e outras sevícias”, queixa-se o activista.
A excessiva militarização do território e seus constrangimentos também foi abordada com o governador. Recordamos que no dia 3 de Janeiro a associação denunciou um plano de assassinato de alguns membros da sociedade civil de Cabinda, na qual constam os nomes de Arão Tempo e do presidente da ADCDH, Alexandre Kuanga Nsito.