Brigadeiro Vinhanga acusa suposto genro de general Miala de usurpação de terreno

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Um cidadão identificado por Fernando Vinhanga, natural do Kuando Kubango, município do Kuito Kuanavale e Brigadeiro na reforma, denunciou que está em vias de perder um terreno que tem no Benfica, desde os anos 90, para um suposto genro do general Miala, identificado por Bruno Live Semedo Pina, com a conivência do administrador distrital do Benfica, Hélio Aragão.

Segundo o portal na Mira do Crime, que cita Rádio Despertar, Fernando Vinhanga, que alega já ter sido o segundo homem da contra inteligência militar desde a zona onde se encontra o terreno até ao Quinguela Norte, disse que o espaço lhe foi atribuído pelas Forças Armadas na qualidade de antigo combatente, numa altura que ele e a sua tropa guarneciam a área.

“Em função dos estilhaços que tenho no corpo, houve a necessidade de me ausentar do país para tratamento médico no exterior. É nesta conformidade que saio de Angola para o exterior e deixo o meu guarda a tomar conta da casa e do terreno”, começou por descrever para depois sublinhar que foi no seu regresso, que encontra o litígio do qual o suposto filho do general Miala, “que na verdade não é filho, mas sim, um genro do general Miala, vedou o meu terreno sem autorização alguma, como se o espaço fosse dele”, declarou. “Ele chama-se Bruno e chegou a ameaçar-me na companhia do administrador do distrito do Benfica.

Ele surgiu mais ou menos há seis meses para cá, em 2019, a dizer que o espaço era dele. Mas antes disso, fui à administração com a minha documentação solicitar à fiscalização que me disponibilizasse alguns homens para ajudarem-me a abrir as ruas com uma máquina”, contou.

Ao que disse, foi nessa altura que Bruno aparece alegando que o terreno era dele. “Insurgiu-se contra a minha pessoa, queria me agredir e, inclusive, com o reforço de um irmão seu, deteve os fiscais que me acompanhavam a fazer o trabalho no espaço. Naquele momento, receberam-me toda a documentação original que tinha em minha posse e alegam que a documentação ficou retida”, denunciou.

Neste contexto, explicou, recebeu do administrador local um ofício a pretexto que o espaço está em litígio e enquanto durar tal acto a sua documentação continuará retida.

“Enquanto eles estavam a me dar bailes para me devolver a documentação, começaram a negociar com membros da igreja Mundial para venderem o terreno, em conluio com o próprio administrador do distrito urbano do Benfica que escondeu a minha documentação”, sustentou.

Ameaças de morte

Ao se aperceber da situação, conta, voltou ao terreno para ver o que, de concreto, se passava. “Eis que encontro outras máquinas a limparem o espaço e ao se aperceberam da minha presença, o irmão do Bruno, com uma Land Cruizer acelera em minha direcção para me atropelar.

Fui obrigado a correr e a abrigar-me num espaço. Ele vem ao meu encontro e me proíbe de voltar ao terreno, caso contrário eu iria morrer”, queixou-se, para depois dizer que ainda questionou os motivos daquela ameaça se era o legítimo dono do espaço.

“Questionei-o se há quanto tempo é que ele entrou na tropa para ameaçar de morte um brigadeiro na reforma e há quanto tempo é que o terreno lhes pertencia”, sustentou. Fernando Vinhanga, brigadeiro na reforma e antigo combatente diz que gozo de imunidades, sendo, ademais, um dos heróis vivos conforme atesta a documentação que exibe sobre o assunto.

“Fui comandante de várias brigadas, entre elas, a oitava e vigésima, fui comandante de instrução da escola Comandante Bula, no Negage. Mas infelizmente, hoje, depois de tudo que fiz por este país, um rapaz na idade do meu filho me falta ao respeito por ser genro do general Miala, isso é grave”, atira, solicitando ao sogro que chame à razão o jovem Bruno, enquanto seu parente para não ver o seu nome envolvido em escândalos.

Administrador “conivente”

Na denúncia, o brigadeiro Fernando Vinhanga, afirma categoricamente que a usurpação do seu espaço está a contar com a cumplicidade do administrador do distrito do Benfica, Hélio Aragão e culpa mesmo o governador provincial de Luanda, Luther Sérgio Rescova, pela nomeação de correlegionários seus da JMPLA sem responsabilidade para tais cargos.

“Eu fui ameaçado pelo próprio administrador, no seu gabinete. Mandou-me calar a boca, chamou-me de cão e disse que não iria perder o pão por deixar perder o terreno do seu amigo com quem estudou”, explicou, garantindo que das ameaças consta ainda que já mandaram deter pessoas de mais peso do que um simples brigadeiro na reforma.

“Mas a culpa é do governador provincial que nomeia esses miúdos sem responsabilidade”, disse

Mesmo o irmão dele quando veio para me atropelar, empunhando uma pistola, também estava drogado”, denunciou, acrescentando que neste momento teme pela sua vida. Aliás, segundo disse ao Na Mira do Crime, quando foi no terreno com o jornalista e o advogado chegou mesmo a ser ameaçado com catanas.

“Imagine se fosse sozinho, o que seria de mim?,”questionou. Pede apenas justiça Fernando Vinhanga, brigadeiro na reforma, pede apenas que justiça seja feita. Primeiro porque já deu muito por esta pátria, tendo ficado, inclusive com sequelas e estilhaços no corpo e segundo porque já não tem idade para andar a brincar de rato e gato, numa altura que a administração municipal também se mostra incapaz de solucionar o seu caso.

Segundo disse, o documento que tem em posse é um ofício que alega ter um litígio com alguém e por este motivo, enquanto o problema se mantém, a sua documentação ficou retida.

Mas a questão que coloca é a seguinte: eu fui falar com a responsável do gabinete jurídico, identificada por Domingas Batalha, mas ela também não me quer dar a documentação, mesmo depois da sua adjunta me ter mostrado a documentação toda com o croquis de localização e tudo.

“Mas será que nesse país tem mesmo justiça ou temos que fazer todos justiça por mãos próprias?,” questionou, deixando claro que enquanto militar também pode recorrer a meios letais, mas ainda acredita na justiça e nos dirigentes desse país que prefere aguardar para ver o seu caso resolvido pelas vias legais.

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