AUMENTA NÚMERO DE PACIENTES ABANDONADOS NOS HOSPITAIS PÚBLICOS

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Josina Machel (Maria Pia) lidera o ranking com 29 pacientes abandonados. Gestores hospitalares revelam que a situação «pesa» nos orçamentos dos hospitais.

O abandono de pacientes tem-se tornado num problema constante nos hospitais públicos de Luanda. Gestores hospitalares revelam que a situação tem impactado negativamente as despesas financeiras, assim como tem criado dificuldades na distribuição de camas para novos pacientes. E mais: “os ex-pacientes correm riscos de contrair outras enfermidades”.

Nos hospitais, Américo Boavida (HAB), Josina Machel e Psiquiátrico, em Luanda, dezenas de enfermos acamados são abandonados ao longo dos anos e não têm como retornar para seus lares. A maioria deles é idosa, segundo constatou o Novo Jornal.

De acordo com uma nota do Hospital Américo Boavida a que o NJ teve acesso, mais de dez pacientes com altas médicas continuam sob cuidados do hospital por conta do abandono familiar. Na maioria dos casos, a família não deixa nenhum meio de contacto e simplesmente não retorna ao hospital para buscar o paciente. A motivação está relacionada também com a dificuldade de lidar com a doença ou mesmo com o desafecto (falta de afecto ou de apreço).

Mas, em alguns casos, segundo informa o documento, a dificuldade maior de encontrar familiares é por falta de identificação do paciente.

São na sua maioria pacientes de sexo masculino, com idades compreendidas entre os 15 e 50 anos, e encontram-se internados nas áreas de neurologia, serviço de urologia e ortopedia. O mesmo acontece no Hospital Josina Machel «Maria Pia», onde 29 pacientes estão na condição de abandonados. Segundo Mariquinha Venâncio, directora-geral daquela unidade hospitalar, do total, cerca de 13 são considerados abandonados declarados e 16 não declarados.

Para reduzir o número de pacientes abandonados, Mariquinha Venâncio explicou que uma das soluções tem sido o Lar da Terceira Idade “Beiral”, no distrito urbano do Rangel, para onde são encaminhados alguns pacientes já idosos. Nandinho é um paciente que, meses depois de receber alta, continua «hospedado» no Américo Boavida. Mudo e surdo, o jovem chegou a internar na área de ortopedia para corrigir uma fractura numa das pernas.

Também na condição de abandonado está Fonseca António Zua, de 58 anos, que se encontrava internado na área de urologia. De acordo com o hospital, o paciente recebeu alta há já alguns meses e goza de boa saúde.

“O mais-velho Zua costumava a vaguear pela Ilha de Luanda, à beira-mar, mas tem familiares a viver no bairro do Curtume, no município do Cazenga”, descreveu a equipa do serviço de assistência social do hospital, que procurou, sem sucesso, pelos familiares do paciente.

Fonte: Novo Jornal | Dulcineia Lufua

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