Assassinatos de activistas e jornalistas continuam sem resposta em Angola passados anos
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Durante anos, Angola tem sido palco de assassinatos de activistas, políticos e jornalistas que, embora os crimes não se prescrevem, as autoridades nunca chegaram aos seus autores, que, logicamente, não foram responsabilizados.
A lista é enorme e integra, entre muitos outros, o jornalista e então correspondente da Voz da América Ricardo de Mello, assassinado em 1995 quando investigava a corrupção no Governo, o professor e economista Mfulupinga NLando Victor, morto em 2004 e o estudante Inocêncio de Matos, morto a 11 de novembro de 2020.
O advogado Zola Bambi entende que na maioria dos casos estão envolvidas figuras do Estado e por isso o sistema judicial encobre os autores desses crimes.
“É falta de interesse de esclarecer aqueles processos sensíveis em que estão implicados tanto as forças de defesa ou em que estão envolvidos figuras dos Governo”, sustenta Bambi, acrescentando que “nos casos em que estão em causa ativistas, jornalistas e políticos o nosso sistema está preparado e programado para que não tenha bons resultados nem dê a bom porto”.
Zola Bambi lembra ainda que “estes processos não prescrevem e serão julgados, sim, no momento próprio quando nossa justiça estiver em condições”.
Entretanto, em declarações no II Congresso Angolano de Direito Constitucional realizado na semana passada, a advogada Ana Paula Godinho disse que, apesar de algumas excessos na sua maioria, os magistrados estão corrompidos pelo poder político e acrescentou que muitos deles terão vergonha por estarem relacionados em casos de injustiças.
“Eu não me habituei nem fui criada a viver com injustiças, estou muito triste, eu hoje estava a dizer que tenho vergonha até de ser advogada em Angola, sinto-me impotente em algumas situações, mas uma coisa é certa, os processos felizmente ficam escritos e haverá muitos magistrados que um dia sentirão muita vergonha de terem assinado determinados acórdãos, eles os seus filhos e os seus netos”, afirmou Godinho .
O analista político Agostinho Sicato considera que estas mortes “são uma nódoa no processo de evolução da nossa independência, processo de paz e reconciliação nacional”.
VOA