ALUNOS AGASTADOS COM AS COBRANÇAS DE EMOLUMENTOS NA MATALA

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Os alunos finalistas do magistério primário da Matala, anexa ao magistério primário do Nambambi do Lubango, passarão a pagar dez mil kwanzas por mês a partir do ano em curso pelo acompanhamento dos professores assistentes (supervisores) ao longo das aulas de estágio para o fim do curso.

Texto de Rádio Angola

A orientação oficial foi avançada pela directora das salas anexas, Magnólia Kaindi, durante uma reunião que aconteceu no pretérito dia 12 de Março de 2018, pelas 06h00, entre os encarregados de educação e a direcção da referida instituição. A reunião, que contou com a presença de mais de 50 encarregados de educação, visou tratar de variados pontos, com realce à questão do estágio e de outras modalidades que serão aplicadas no presente ano lectivo.

Na entrevista que fizemos a alguns alunos, muitos demonstraram o seu descontentamento em relação à medida. Sob anonimato, um aluno disse: “Este ano está mal. Fazemos seis planos de aulas e somos obrigados a entregar ao professor no mesmo dia e temos que fotocopiar seis fichas de avaliação por dia e pagar dez mil aos supervisores. Será muito gasto para nós e tudo aqui somos obrigados, mesmo quando se viola os nossos direitos”.

A direcção do magistério, dirigido pela professora Magnólia e o professor Victor Tchitangueleka, alegam que a medida foi tomada para contrapor a exiguidade de professores e permitir a contratação de professores colaboradores que seriam estimulados com o pagamento de uma verba mensal.

No decorrer da reunião para reforçar a cobrança do valor do estágio, o subdirector pedagógico, António Victor Tchitangueleka, frisou o seguinte: “Estudar é um investimento e tendes de investir”.

Diante dessa afirmação proferida à margem do programa político do MPLA e do Executivo do presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, estudantes e encarregados de educação questionam:

Se a escola é pública, os supervisores são funcionários do Estado, como é que os alunos devem pagar quem os supervisiona? O presidente ainda no princípio desse ano prometeu que devia se acabar com as cobranças (comparticipações e outras contribuições) nas escolas públicas, por que razões na Matala assistem com alguma recorrência esse tipo de prática? O que faz a administração quando ouve as denúncias? Aonde vai o dinheiro das comparticipações cobrados no valor acima dos 4500 mil kwanzas?

O excessivo nível de burocracia, corrupção e a má gestão tem predominado nesta escola que já mudou três vezes a direcção. Os estudantes, com algum medo e com receio de que possam ser reprimidos por defenderem os seus direitos, de forma silenciosa apelam à boa-fé de quem governa a resolver esse problema o mais breve possível, “pois governar é estar atento às dificuldades dos cidadãos”.

Durante as nossas entrevistas, procuramos entrar em contacto com a direcção da escola que se negou a prestar qualquer depoimento a respeito.

De lembrar que as cobranças de dinheiro no magistério primário da Matala iniciaram em 2015, altura da sua inauguração. Nessa altura o coordenador pedagógico fazia cobranças informais para a compra de blocos, cujo objectivo era a construção de mais salas de aula, mas, de 2015 a 2018, apenas se construiu seis salas com os valores da comparticipação. Nesse aspecto, encarregados de educação referem que a comparticipação é outra “dor de cabeça” para as famílias.

O município da Matala tem uma extensão territorial de 9.065 Km2. É um dos catorze municípios da província da Huíla. Possui quatro comunas, nomeadamente: comuna-sede, Capelongo, Mulondo e Micosse. As comunas estão subdivididas por sectores, sendo cada uma delas composta por um grupo de aldeias ou bairros. É limitado a sul pelos municípios da Cahama e Ombandja (província do Cunene), a oeste pelos municípios dos Gambos e Quipungo (província da Huíla), a leste pelo município da Jamba (província da Huíla) e o Cuvelai (província do Cunene) e a norte pelo município de Chicomba (Huila).

A Matala, para além das escolas públicas vocacionadas para o II ciclo, como as salas anexas do magistério primário do Nambambi e o liceu n.º 1068, conta com quatro complexos escolares privados. Actualmente, conta ainda com duas faculdades: as salas anexas do ISCED-Huíla e as salas anexas do instituto Sinodal de Angola.

As dificuldades que os munícipes passam no sector da educação são inúmeras, como a falta de uma biblioteca apetrechada, mais escolas, professores e programas que visem incentivar o gosto pela leitura.

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