Alerta sobre a constituição de arguido do General Higino Carneiro pela PGR – Jorge Van–Dunem
O cenário político angolano é marcado por uma complexa teia de história, poder e a busca incessante por estabilidade. A recente constituição de arguido do General Francisco Higino Lopes Carneiro, uma figura histórica e influente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), por crimes de peculato e burla qualificada, lança uma sombra de incerteza sobre o futuro do país e, em particular, sobre a coesão interna do partido no poder.
A análise da situação exige uma perspetiva que transcenda a mera notícia judicial, mergulhando nas implicações políticas e sociais que tais ações representam para uma nação com “feridas por sarar”.
O percurso de um General e as dinâmicas de poder
O General Francisco Higino Lopes Carneiro, nascido em 1955, é um nome indissociável da história recente de Angola. Com uma carreira que abrange as esferas militar, diplomática e política, ocupou cargos de alta relevância, incluindo o de Governador de Luanda e Ministro das Obras Públicas. A sua trajetória, forjada no seio do MPLA, confere-lhe um estatuto de “peso pesado” na política nacional, sendo inclusive apontado como um potencial sucessor do actual Presidente João Lourenço.
A sua dimensão política e a sua representatividade dentro de uma facção histórica do MPLA — conforme sugerido no texto inicial, como representante da “classe dos indígenas imigrantes que dominam o MPLA” — tornam qualquer ação judicial contra ele um evento de profundo significado político. Não se trata apenas de um cidadão comum, mas de um pilar do establishment que, segundo a percepção de muitos, se preparou para o pós – José Eduardo dos Santos, munindo-se de informações que poderiam afetar o partido a todos os níveis.
O alerta: perseguição política e a divisão do MPLA
A tese de que a ação judicial contra o General Carneiro se insere num quadro de perseguição política, motivada por disputas internas e candidaturas à Presidência da República, ganha força no discurso público. Se esta perceção se consolidar, o risco para a nação angolana é imenso.
Risco imediato impacto nacional
Divisão do MPLA, aprofundamento das fraturas internas, enfraquecendo a governabilidade e a capacidade de liderança do país. Desconfiança na Justiça, a instrumentalização dos órgãos de justiça para fins políticos mina a credibilidade das instituições e o próprio combate à corrupção.
Instabilidade Política A perseguição de figuras históricas pode levar a uma escalada de confrontos de alto nível, com potencial para desestabilizar o país, tal como o precedente do General Kopelipa sugere, e outras figuras de peso, bem como aos filhos do Exº Presidente José Eduardo Dos Santos.
Mancha Internacional A imagem de Angola como um país em transição democrática e empenhado na transparência é comprometida por processos percebidos como purgas políticas.
A história de Angola, marcada por um longo e doloroso conflito, exige que a liderança política atue com a máxima cautela e responsabilidade. Usar os tribunais para atingir individualidades que dedicaram a sua juventude à pátria, mesmo que existam suspeitas legítimas, deve ser feito com uma transparência inatacável. Caso contrário, a justiça é vista como uma arma e não como um pilar da democracia.
Um apelo à concórdia e à transparência
É imperativo que a liderança do MPLA e do país compreenda o perigo de transformar a luta política em uma “guerra” judicial. A união partidária não é apenas uma questão de sobrevivência do MPLA, mas uma premissa para a estabilidade nacional.
A nação angolana precisa de concórdia e de um processo de reconciliação que abranja todos os seus filhos, independentemente das suas fações políticas. O apelo à transparência nos processos judiciais e à capacidade de saber ouvir as vozes dissonantes é crucial.
A reconciliação das almas dos filhos desta pátria não se faz com o uso da justiça como instrumento de vingança ou de eliminação de adversários. Pelo contrário, exige-se um gesto de grandeza, onde o interesse nacional se sobreponha às ambições pessoais e partidárias.
A sociedade civil, as lideranças religiosas e todos os cidadãos devem ser alertados para a gravidade da situação. Não se pode esperar que haja mais o derrame de sangue, seja ele físico ou político. A hora é de oração, de vigilância e de exigência de que o país não retroceda.
O caminho para um futuro digno passa pela unificação de todos os militantes e políticos, através de um diálogo honesto e transparente. É neste espírito que se deve buscar a audiência com figuras-chave como o General Miala e o Presidente da República, para contribuir modestamente para a satisfação de todos os desejos de paz e estabilidade nacional.
Pelo Dr. Jorge De Castro Van – Dunem “ Patriarca Filho Do Povo”

