Agentes da polícia acusados de terem assassinado a tiro cidadão garimpeiro numa mina de ouro em Cabinda
Um jovem de 25 anos foi morto a tiro numa das matas da aldeia de Binga, município de Buco-Zau, na província de Cabinda, por dois supostos efectivos da Polícia Nacional, quando a vítima, em companhia do seu colega, encontrava-se numa das minas de ouro, alegadamente a explorar o mineral de forma “ilegal”, acto “proibido” pelas autoridades que governam.
Rádio Angola
De acordo com fontes, o jovem Damião Gomes Mabiala (malogrado) foi surpreendido numa mina de ouro pelos agentes da corporação, que se faziam acompanhar de seguranças da empresa privada Teleservice S.A. – Segurança Privada e Serviços, que presta serviços à empresa mineração Luali.
O incidente ocorreu ao meio dia do dia 25 de Julho último, no rio Luali, na foz do rio Luetshi. Paulo Inácio Venâncio Teco, que escapou dos disparos dos agentes da corporação, contou que, dos tiros efectuados com a arma de fogo do tipo “mini usi”, dois atingiram gravemente o seu colega na região do Abdómen.
“Ouvi os gritos do Damião Gomes Mabiala, ai, minha mãe, ai minha mãe, que davam de facto conta de que Damião tinha sido atingido com gravidade”, contou.
A vítima, de acordo com a fonte do O Decreto, encontrava-se no leito do rio Luali, numa profundidade em que a água lhe atingia acima da cintura.
Depois de ser atingido, os quatros efectivos, dois polícias e dois seguranças da empresa Teleservice, transportaram o jovem gravemente ferido entre os ombros, numa distância de pouco mais de dois quilómetros a pé, tendo telefonado momentos depois ao motorista, que transportou a vítima até ao Hospital “Alzira da Fonseca”, no Buco-Zau, onde horas depois morreu.
Os agentes negam ter feito os disparos que resultaram na morte de Damião Gomes Mabiala, 25 anos, argumentando que, apenas efectuaram os tiros ao ar com o propósito de dispersar os dois cidadãos que se encontravam na referida mina de ouro.
Segundo os efectivos, a causa da morte está relacionada ao acidente contra um “pedúnculo que perfurou ao lado direito da barriga junto à região de umbigo, causando inchaço ao lado esquerdo da mesma região, quando ia fugindo”.
Depois das declarações dos quatro efectivos, a família exige que se faça autópsia, motivo que levou ao cancelamento do acto fúnebre, que ao que consta, devia ter acontecido no dia 29 de Julho, esperando dos resultados da autópsia para encontrar os ónus de prova.
Até ao fecho desta matéria, o corpo do jovem Damião Gomes Mabiala, ainda encontra-se na morgan do Hospital da “Alzira da Fonseca” no Buco-Zau, sem uma data indicativa para a realização do funeral.
A família do malogrado denuncia que, o comandante Municipal da Polícia do Buco-Zau, Tony Kuala, em “conluio” com o Serviço de Investigação Criminal de Cabinda (SIC-Cabinda), representado pelo director-adjunto provincial para área económica, Pembele entendem realizar a autópsia apenas no próximo dia 4 de Agosto do ano em curso, que segundo os familiares, “sem o pronunciamento do Procurador Provincial, no qual a família requereu a 30 de Julho”.
Os familiares alegam que a referida autópsia “contra vontade da família” teria sido feita por um “médico legista”, identificado apenas por Rogério, um processo que teria sido feito sem a presença da família da vítima e do advogado da acusa, Arão Tempo.
A família que se diz agastada com a situação, clama que se faça a justiça, e que os seus autores sejam responsabilizados criminalmente.
A Associação para o Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos em Cabinda já condenou o acto.