Agentes da Polícia acusados de extorquir cidadãos em postos de controlo em Cafunfo
Os agentes da Polícia Nacional (PN) destacados na estrada que liga o sector mineiro de Cafunfo à comuna de Luremo, no município do Cuango, província da Lunda-Norte, estão a ser acusados de cobranças ilegais aos automobilistas e demais cidadãos, nos postos de controlo, facto que os populares apelidaram de “ATMs” montados pelas autoridades policiais.
*Jordan Muacabinza|Cafunfo
A denúncia vem dos taxistas do parque do Candongo reforçada pelos moradores de Cafunfo, Cuango e Xá-Muteba, que lamentam o silêncio das autoridades, que segundo dizem apesar das reclamações dos populares “nada fazem para que os agentes sejam responsabilizados”.
Os automobilistas do Luremo defendem punições severas dos supostos efectivos alegadamente implicados em tal prática, que cobram obrigatoriamente seis mil kwanzas nos postos de controlo montados na via pública e a consequente revista aos transeuntes.
“Tarde ou cedo isso poderá causar fricções entre os habitantes e os agentes da Polícia Nacional”, alertam.
Segundo apurou a Rádio Angola, são agentes pertencentes à Unidade da Reacção e Patrulhamento (URP), da Polícia de Guarda Fronteira (PGF), a Polícia de Ordem Pública (POP) e efectivos Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), apoiados por agentes reguladores de trânsito, que diariamente cobram seis mil kwanzas.
No processo fraudulento, os agentes envolvidos exigem três mil kwanzas para os agentes de viação e trânsito, e outros três mil para os outros ramos acima citados.
Os supostos agentes, para além dos seis mil kwanzas, obrigam a todos os transeuntes que circulam por aquela via pública a revistas no interior de uma mata fechada, cujo propósito é encontrar meios de exploração de diamantes.
“Quem for apanhado com um dos materiais de garimpo, para continuar a viagem tem de pagar mil kwanzas para cada instrumento encontrado em sua posse, só assim é posto em liberdade com os respectivos meios”, denunciam.
Os populares lamentam ainda que algumas pessoas são revistadas despindo a roupa, acrescentando que “para passar nos postos de controlo com um saco de fubá de milho, arroz, peixe ou coxa de frango obrigam ao pagamento de 500 kwanzas”.
Para circular naquele troço, dizem “com ou sem documentos da viatura o automobilista é obrigado a pagar dinheiro definido pelos agentes da Polícia Nacional”, actos que segundo os denunciantes “ocorrem todos os dias, quer de dia quer à calada da noite”.
Para protestar à medida, um grupo de taxistas paralisou os serviços na manhã de segunda-feira, 15, para exigir a quem de direito explicações sobre tais actos ilegais, bem como chamar atenção das autoridades com vista a se pôr fim a essas práticas cometidas pelos agentes que deviam somente garantir a ordem e tranquilidade públicas.
Os denunciantes foram ter com o comandante da 2ª Esquadra da Polícia Nacional de Cafunfo, Joaquim Chiola, que ao tomar conhecimento dos actos, terá garantido tomar medidas para se acabar com tais acções.
O cidadão Manassa contou que, para circular no troço Cafunfo até ao bairro Quikunga, passando pela aldeia de Kavunji, passando pelo posto de controlo sobre a ponte do rio Cuango, montado pela Polícia da Guarda Fronteira (PGF) da 6ª Unidade da Polícia de Cafunfo, cada pessoa paga 500 a 1000 kwanzas.
“Angolanos ou estrangeiros pagamos esses valores, mas antes é obrigatório passar pelo Jango da Polícia de Guarda Fronteira, para a revista e depois pagar os valores no ATM montado”, disse.
Os activistas e defensores dos direitos humanos apelam a intervenção do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, bem como da Defesa Nacional, João dos Santos “Liberdade”, para que se acabe com tais práticas que lesam a vida dos cidadãos.
“Pedimos ao ministro do Interior e ao comandante Provincial da Lunda-Norte para pôr fim a esses postos de controlo desnecessários, pois os estrangeiros passam nesses locais, diamantes passam nesses controlos, bem como os marginais passam com drogas, afinal que controlo é que os agentes fazem, senão extorquir os cidadãos”, lamentam.