A LUTA CONTRA A DITADURA DO MPLA EXIGE À SOCIEDADE A CRIAÇÃO DE ESTRUTURAS E O RECURSO A MÉTODOS ADEQUADOS PARA POR-LHE FIM

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Por Luiz Araújo

1. Apesar de desmascarada, a ditadura endocolonialista do MPLA não está tão enfraquecida como alguns pensam.

2. Ontem (24.2.17) a repressão violenta de manifestantes – em ano de eleições – demonstrou de forma inequívoca – àqueles que continuam com duvidas – que enquanto a direcção ditatorial do MPLA não for substituída por uma direcção democrata e ou, na impossibilidade dessa alteração, o MPLA não for removido do poder, o seu regime ditatorial endocolonialista não terminará. – O MPLA continua sendo um partido anti-democrático, tanto no seu interior como na sua relação com a sociedade. O MPLA nunca permitiu e – enquanto os seus membros mais honestos (que também os há) apoiados pela sociedade, não o resgatarem das mãos dos tiranos endocolonialistas que actualmente o conduzem – jamais permitirá o livre e pacifico exercício da cidadania sempre que cidadãs e cidadãos pretendam protestar e endereçar exigências legitimas aos detentores do poder. – Foi e continuará sendo duma extrema ingenuidade e uma grande incoerência ser-se anti-ditadura, denuncia-la e ao mesmo tempo, paradoxalmente, exigir à cúpula dirigente da ditadura do MPLA e ao seu governo que – no respeito pela lei – se conduzam de forma democrática. Não será?

3. Ontem (24.2.17) também ficou – mais uma vez – demonstrado que o método de acção que vem sendo usado para protestar é errado, porque evidentemente não é o mais adequado às circunstancias que a ditadura impõe. Ao agir contra essa ditadura tem que ter-se sempre em consideração que, apesar de formalmente o regime ser uma democracia, está sobejamente verificado que os métodos de acção das e dos cidadãos próprios das democracias não são tolerados pelos condutores do regime do MPLA. – Portanto o formato da acção anti-ditadura deve em todos os aspectos ajustar-se a essas circunstancias. Parafraseando Confúcio: “não podemos mudar o vento, mas podemos ajustar as velas do nosso barco para que nos leve até onde queremos chegar.”

4. A nossa história política recente registou que a polícia – ao serviço do MPLA, portanto à margem da lei – tem agredido pequenos grupos de manifestantes e também membros de comunidades que ousam resistir a violações dos seus direitos. Essa prática criminosa, por ser sistemática, constituiu-se em evidência bastante que nos obriga a prever que no dia em que centenas e ou milhares de cidadãs e cidadãos se manifestem – ainda que com toda a legitimidade – a polícia e outras forças de repressão matarão quem assim ouse protestar contra práticas da ditadura do MPLA ou exigir a garantia do respeito pelos seus direitos. – Em consequência, já só por razões preventivas, estamos perante a necessidade da estruturação de resistência, ainda que só da essencial à salvaguarda da integridade física e da vida das cidadãs e cidadãos que se exponham a esse risco.

5. É por todas as razões acima referidas e por outras aqui não abordadas, que a redução da resistência à ditadura à sua denuncia reactiva há muito é apontada como insuficiente para a produção das alterações políticas de que a sociedade carece para que um estado de direito democrático possa ser efectivamente consubstanciado.

6. No entanto consideramos necessária a continuação da denuncia reactiva das práticas da ditadura do MPLA, mas também consideramos não ser o esforço bastante para obrigar o MPLA a mudar e muito menos para o remover do poder. – A denuncia da ditadura deve continuar mas carece de ser complementada por formas de organização e de acção capazes de anular as estruturas que sustentam a ditadura para obriga-la a claudicar.

7. Portanto, é cada vez mais evidente a necessidade de estruturação para a Acção para a Democracia. – Estruturar para agir – em vez de só reagir – é a orientação que a resistência à ditadura deve seguir!

 

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