A DUPLA TROIKA

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Osvaldo Caholo | Activista

“São soluções ou mecanismos conjunturais para se resolver problemas estruturais”

Quando olhamos para as questões das Repúblicas ou Estados são de profundas estruturas do Estado e que não se resolvem com mecanismos como estes. Há uma necessidade profunda de pressionar as soluções. Nós, em África, temos por mania pressionar as soluções dos problemas reais. É como por exemplo nós, em Angola, temos problemas reais de governação estamos a pressionar a ideia de que as autarquias resolvem, isso é uma questão.

Tal como isso acontece para os elementos Micro também acontece para os elementos Macro. O problema por exemplo daquilo que vai se debater na própria dupla Troika ou na sua agenda são problemas profundos das estruturas dos Estados e não vão se resolver com recomendações, análises e meras resoluções, porque não há capacidade de impor aos Estados a tomada de novos comportamentos, não há um elemento moral para passar para eles, ou seja, a maior parte dos Estados enfermam dos mesmos problemas. Então, raramente o outro Estado, dado o parâmetro de Soberania e outros, vão assumir aquilo que são as orientações que lhe vão passar. Vão tentar conformar um ou outro elemento e no fim do dia, o problema da África, como o problema da (des)governação, por exemplo o problema da má distribuição dos recursos, problema do monopólio do poder, problema da falta de Democracia que é profundo à nossa arquitectura dos Estados, estarão em estado permanente. E isto não se resolve com a dupla Troika.

Vai ter um conjunto de Estados com os mesmos problemas a chamarem a atenção a Estados com os mesmos problemas. Quem vai dar o exemplo para os outros seguirem?! Para mim, é mais um mecanismo.

Eu acho – acho, não tenho a certeza – que quando nós olhamos para o contexto da política internacional nós (africanos) temos mecanismos mais bonitos em termo de lógica estruturante e até dos seus próprios objectivos. Nem a Europa tem mecanismos muito bonitos que visam resolver o problema dos próprios Estados.

Da beleza de construção à beleza dos seus resultados é um abismo infernal.

Agora se quisermos analisar do ponto de vista da paixão africana, do romancismo africano, é uma dupla Troika. É interessante, chefes de Estados, chefes de Governos, chefes das diplomacias que vão estar reunidos, vão falar da questão da África, vão falar sobre a situação ou questão dos Estados da região, vão fazer sair uma declaração, vão prestar algumas recomendações para esse ponto – se quisermos olhar para a questão mais romântica africana, é bonito neste aspecto.

Mas não é isso. Creio que a expectativa da maior parte da população africana hoje está longe daquilo que são os meros documentos que se tiram/produzem. Nós queremos soluções, na verdade a maior parte da população africana, aliás jovens, apesar da estrutura societal desses Estados, estão à procura de soluções dos seus problemas, é o caso dos Congos, Lesotho, Angola, uma boa parte dos Estados da região. Mesmo o caso da África do Sul que era supostamente o mais estável, hoje uma parte da juventude está fora do processo de tomada de decisão, fora dos processos de bem-estar geral do Estado. Há uma pobreza quase genérica.

Lógico que é um problema fulcral para a geração de conflitos dentro dos próprios Estados e acho que é aí que se deve atacar. Olhamos para Angola e vês essas reformas e eu digo o problema de Angola não é a Democracia, é educação. Está a faltar educação neste país. Quando se chegar ao ponto das pessoas terem noção do que é uma consciência política aí, sim, vai se resolver. No caso da África igualmente.

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