A QUESTÃO DA LUNDA, O PROBLEMA DE CABINDA, A MÍDIA E OS JORNALISTAS ANGOLANOS
Eu não faço parte do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, apesar de ser um filho natural da Lunda, por nascença dos meus avos e dos meus país, incluindo-me também.
Texto de Paulo Txikolasonhi Félix
Tenho acompanhado atentamente as noticias que o Movimento veicula nas redes sociais, na sua pagina e também acompanho os noticiários da Rádio Despertar, algumas vezes da Voz de América, DW e da RFI que são os meios por onde se fala sem tabu o a questão da Lunda.
Sempre duvidei da veracidade do que o senhor Zecamutchima vem reclamando, de que a Lunda não é parte integrante de Angola.
Mas devo dizer que, fiquei convencido quando ele publicou a cronologia de datas relevantes na historia de acontecimentos em Angola e na Lunda 1840 – 1950 e também quando publicou a matéria sobre cobertura escolar de Angola 1845 – 1919 “Primeiras letras em Angola”, edição da Câmara Municipal de Luanda, 1973, uma obra valiosa do Padre Martins dos Santos, missionário católico, nascido em 1926 em Pêra do Moço – Portugal, conceituado professor de Seminário Missionário do Verbo Divino em Covilhas, um dos grandes estudiosos da História de Angola colonial.
Depois tive também a oportunidade de encontrar no Google outras informações sobre a Lunda que são diferentes do que estudei quando fiz o meu curso médio em Luanda e mesmo agora que me encontro a fazer a o curso de Arquitectura numa universidade.
Durante a minha formação secundaria e media, embora toda ela virada para as Ciências físico, Biológicos, o certo é que nunca tive uma oportunidade de ler um único livro sobre a história da Lunda, editado pelo Governo Angolano, sobretudo o Ministério da Educação ou da Cultura.
Sabia sim, que Angola era de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste, e que um só povo e uma só nação, para mim, é hoje aberrante que um homem qualquer defendesse a tese separatista, que nunca aceitei e nunca passou na minha cabeça, como os tempos mudam.
Depois, vejo que, o senhor Zecamutchima defende a causa da Lunda com duas vertentes:
1.- Do ponto de vista histórico natural;
2.- Do ponto de vista, jurídico, o mesmo que defende os Cabindas, ou seja, que a Lunda tem 8 tratados de protectorado e Cabinda tem 2 tratados de protectorado, ambos os territórios assinaram com o mesmo protector: PORTUGAL e nos mesmos anos, 1884 – 1894, ou seja que Portugal ficou na Lunda entre o ano de 1895 até 1975, aproximadamente 80 anos de presença não efectiva, e, entre 1920 até 1975, aproximadamente 55 anos de presença efectiva.
Devo afirmar que sou uma pessoa muito colado nas redes sociais, porque gosto de estar informado. Nas redes sociais, nem toda a informação é viridica em conformidade com a fonte veiculante, por outro lado, pessoas que não escondem seu nome e o seu perfil, não pode mentir ou difamar alguém, porque é crime punível por lei. Assim vejo que o senhor Zecamutchima assume publicamente os actos que escreve e pública, que na maioria dos casos é sempre informação verídica.
O Movimento do Protectorado, em primeiro lugar advoga dialogo com o Governo e defende persistentemente autonomia igual a Escócia no Reino Unido, ao invés de pedir a Independência da Lunda, o lógico e o acertado.
Eu também concordo que o Movimento o Protectorado defenda Independência, porque com o MPLA não é possível tal pretensão, senão vejamos.
ü Todas as vossas manifestações que organizaram e aparentemente autorizadas por lei e pela constituição, foram brutalmente violentadas e os membros presos ilegalmente, na realidade é a violação aos direitos humanos que o Presidente João Lourenço diz não existir tal violação por parte do seu Governo;
ü O MPLA com armas na mão lutou contra o colonialismo português, durante 14 anos, 1961 – 1975, mas, a luta pacífica do Movimento do Protectorado vai no seu ano n.º 13 em 2019, de acordo com os vossos comunicados de imprensa;
ü Membros que manifestaram no dia 17 do passado mês de novembro de 2017, foram acusados de tentativa de golpe de estado ou de manifestação, estes 11 cidadãos de acordo com os vossos comunicados continuam presos na Lunda – Sul;
ü Mais grave ainda, é que a mídia estatal angolana e alguns jornalistas, estão a ignorar a questão da Lunda, até “Sites” como Folha8, Club-K, Angola24horas, Correio da Kianda, Agonísticas, não fazem referencia o caso dos 11 activistas políticos incluindo uma mulher senhora Domingas Fuliela na Lunda em relação a Cabinda e os detidos 32 activistas detidos naquele território a escassos dias;
ü Também admiro muito o comportamento dos meus compatriotas, onde me inclui, nós os Lunda Tchokwe, estamos conformados com os postos e cargos que o MPLA nos oferece na sua maior parte lugar tenentes ou seja subalternos, porque dificilmente os nossos Economistas, Advogados ou Jornalistas tiveram oportunidade de chefiar a cargos relevantes, são sempre relegados.
ü Por outro lado nos chamam de “Matumbos” com diplomas Universitários, Mestrados e com três ou quatro Douramentos, e nem conseguimos ter coragem para enfrentarmos o regime como estão a fazer os outros no Movimento do Protectorado;
ü Estamos todos conscientes que eles estão a defender a verdade e porque não os apoiamos como acontece com os Cabindas que se apoiam uns dos outros e reivindicam publicamente sem temer absolutamente nada.
Pior, passamos o tempo a criticá-los, ao invés de os apoiarmos. Não tenho coragem como senhor Zecamutchima ou como senhor António Sapalo, que critica e fala na rádio despertar a vontade, deveríamos todos nós apoia-los com dinheiro ou com alguma coisa para eles não pararem.
Sei que, somos muito cobradores naquilo que não estamos a fazer, se eles desistirem, todo o mundo vai dizer que já lhes compraram no MPLA, porque não ajudarmos agora para que eles não aceitem serem comprados?
Outro mal, vejo que na Lunda estão a ser criado vários grupos desordenadamente, o dono desta fabrica não deixa de ser o SINSE e o MPLA para atrapalhar a caminhada do Movimento do Protectorado, seus mentores a procura de alguma migalha de pão tenta a todo custo diabolizar a verdade que esta sendo defendida para o bem de todos nós, esses “crápulas” não tem vergonha de se identificar de ser nobres da Lunda, para ser nobreza tem de lutar como foram os reis na Europa e no Médio Oriente até a China imperial e o Japão.
O verdadeiro nobre vai no combate, é quem dirige a guerra, não se curva diante do seu colono, não bate palmas e passar debaixo do sol a espera do governador do colono, e ainda a organizar marchas a favor da humilhação e da vassalagem.
Dizem que são Lundas, mas defendem ser angolanos, contradição, pois, ou é ou não é, ninguém tem duas naturalidades ao mesmo tempo, a nacionalidade adquirida por meios jurídicos não é mesma coisa com a nacionalidade de nascença.
Nacionalidade adquirida é aquela que diz, cidadão Luso-Angolano, Afro-americano, Afro Brasileiro etc, não existe neste contexto naturalidade adquirida.
Muitos destes Lundas que se dizem ser Angolanos, a prometida fabrica de lapidação de diamantes a ser erguida na Lunda Sul, o governo ainda não enviou único filho da Lunda a se formar em lapidação no Israel ou na Rússia, quer dizer que os futuros funcionários serão oriundos de Angola como sempre.
O Movimento do Protectorado da Lunda, tem toda a razão, o Kimberlite de Catoca não tem nenhum Administrador Executivo ou não Executivo filho Lunda, o mesmo vai acontecer no Kimberlite do Luaxe ou seja, não somos achados nem encontrados, como podemos reclamar de sermos Angolanos com esta diferenciação e descriminação.
A maioria dos Generais reformados, que eram guerrilheiros do MPLA 1961 – 1975, são Lundas, que a Caixa Social das FAA cortou os seus benefícios e os salários, como somos descriminados em todos os sectores do Governo Angolano.
Quantas Universidades pertenças a donos Lundas ou Bancos, afinal o movimento do protectorado esta no caminho certo, a luta pela nossa Independência, vamos apoiar a causa.
Não estou acreditando que sou quem esta a escrever estas pobres linhas, sei que meus colegas da Universidade vão imediatamente me colarem com o Movimento do Protectorado, mas me compreendam, sou Tchokwe, não tenho como mudar de camisola, por muito que esteja a defender-me de Angolano.
Vezes a que discutimos questões puramente científicas, logo aparece quem por maldade ou não, diz logo “esse catchokwe é teimoso”, porque sabe que sou Tchokwe, porque não diz esse angolano também é teimoso, como nos fazem la no estrangeiro?
Se o território é um protectorado, todo aquele que nascer naquele lugar faz parte integrante, é o meu caso e aceito orgulhosamente, assim quis Deus que nascesse na Lunda.
Aos senhores Jornalistas donos de Revistas, Semanários e de Sites, porque não publicam as noticias e a reivindicação da questão da Lunda como o fazem com Cabinda?
Será que o regime através do SINSE e o próprio MPLA tem vos ameaçado ou porque receberam dinheiro para ignorarem a questão da Lunda?
Vos penso que publiquem esta matéria, mal escrita, que tem a sua razão de existir, assim estarão ajudar a Lunda e Angola, só a verdade nos libertara.
Ao Governo Angolano sob liderança do Presidente João Manuel Lourenço, porque não convoca o Movimento do Protectorado da Lunda ao dialogo que é vos exigido, se eles não fazem guerrilha como os Cabindas da FLEC?
Será por causa do diamante de Catoca e de Lulu, ou porque a Rússia e a China esta a vos ameaçar se conversarem com o Movimento do Protectorado da Lunda e possivelmente perderem o direito de explorar o diamante, senhor Presidente João Manuel Lourenço?
O que leva os dirigentes do MPLA e o seu governo a temer sobre autonomia da Lunda? Se não é o diamante e outras riquezas do subsolo daquele território.
Voltarei a escrever.
Luanda, aos 2 de Fevereiro de 2019.