MATALA UM PASSO PARA TRÁS (PARTE I)
O município da Matala dista a 180 km da Cidade do Lubango passando o município do Quipungo. Segundo Tiago Kaingona, o município se construiu numa junção de povos oriundos de outros municípios por causa da barragem hidroeléctrica nos finais da década 50.
Texto de Jesus Domingos
Um município com um mosaico cultural muito rico sendo que possui as línguas bantu Nyaneka Humbi, Nganguela, Umbundu, e não só. É rico em recursos minerais e hídricos, possibilitando a agricultura. O município possui os canais irrigado mas os munícipes lamentam a falta de escoamento dos seus produtos e um espaço para o armazenamento, e recordam que em 2012 construiu-se os silos no sector da Kastanheira mas “foi apenas um dinheiro deitado, afinal naquele tempo dinheiro era capim e fazer projecto para permitir o roubo era a missão dos cotas”.
Matala possui quatro comunas. A comuna do Capelongo, que outrora era uma beleza e teria sido a capital, pois foi lá onde se instalaram os portugueses, hoje é uma vergonha, tendo as casas sem pinturas, rotundas sem jardins e sem nenhum centro de lazer nem biblioteca. Mas temos muitas N’golas. Estradas do colono ainda dançam sobre as bundas de quem lá passa.
O hospital que atendia as quatro comunas hoje é apenas um aposento da malária e paludismo pois mais de 100 pessoas são atendidas por dia por um analista que também não lhe pagam e aperta o cinto, mas que se sentir obrigado a ajudar o governo na melhoria das populações.
Na mesma comuna tem o projecto Melika, uma instituição da igreja Católica que já colocou jovens no mercado de formação e hoje são estrelas. Tem uma biblioteca comunitária, que é a única do município.
Na comuna do Mulondo, lá aonde a luz eléctrica não chega, onde somente os povos têm de estudar até ao ensino primário e depois podem continuar a pastar gado ou quem quiser que vá ao Capelongo ou Matala para continuar a estudar.
Na comuna do Micose, aonde se colocou uma fábrica ou lavra de tabaco, a energia é ainda um sonho para alguns e chegar ao município sede tem sido difícil até para os estudantes porque têm de pagar 50 kzs para passar pela ponte.
A comuna do Cuvelay, onde também falta o que todos nós sabemos, é uma lástima, uma vergonha. É um bairro esquecido e lembrado apenas no âmbito das eleições. A comuna sede ainda sofre por falta de água, pão, saneamento básico, energia nalguns bairros e uma biblioteca séria e à altura dos jovens. Um espaço de debates.
No domingo passado mais de 30 jovens mostraram-se indignados porque queriam fazer um espectáculo ao vivo mas viram a sua actividade no chão depois de tanto dinheiro gastado. Os campos de futebol se tornaram terrenos, hoje já não tem campos como tal, apenas o campo Walipalapo e alguns pequenos campos.
Matala tem tudo para ascender no ramo de educação mais é uma pena, salas lotadas, sem quadro e giz e até agora crianças estudam ao ar livre. A merenda escolar não é para todos e a educação é comandada desde a década 90 pelo Exmo senhor: Augusto João. Não houve melhorias, e que o digam os dados.
Na comunicação social, pena dos meus irmãos que muito fazem, lutam para ganhar uma mesquinha que não chega para nada, segundo os dados que temos.
Em vez de desenvolver estamos a retroceder. Ninguém se sentirá orgulhoso nestas condições. Bairros e estradas esburacadas. A única lembrança que temos sobre o brilho da Vila foi aquando da visita do presidente da República. De lá para cá há uma tristeza.