Imprensa Angolana: “Cofres vazios” e “dívidas milionárias”
Por Cristiana Soares/rfi
As actuais administrações da imprensa pública angolana denunciam dívidas milionárias e cofres vazios. O alerta foi dado na primeira reunião ordinária do Conselho Consultivo da Comunicação Social.
No encontro, que decorreu sob o lema “Não há democracia sem liberdade de expressão e sem liberdade de imprensa”, os participantes debateram o estado da comunicação social no país e os mais altos responsáveis dos medias públicos aproveitaram o momento para denunciar a situação que encontraram quando assumiram as rédeas das respectivas empresas.
Marcos Lopes, presidente do conselho de administração (PCA) da RNA (Rádio Nacional de Angola) denunciou “graves problemas financeiros”, indícios de trabalhadores “fantasmas” e “uma multidão de assessores e consultores”. Marcos Lopes acrescenta que o PCA da empresa tinha “31 assessores”. A dívida da RNA está avaliada em “7 mil milhões de kwanzas”.
José Guerreiro, PCA da Televisão Pública de Angola (TPA), começou por ironizar que quando chegou “a TPA estava de tanga e temos tentado comprar o biquíni”. O chefe da TPA refere que o trabalho “não tem sido fácil” gerir uma casa com uma dívida de cerca de “14 mil milhões de kwanzas”.
Victor Silva, presidente do conselho de administração das Edições Novembro que engloba o Jornal de Angola, reitera que “encontrou os cofres vazios”, numa casa em que se verifica o “aumento da dívida a cada dia”, com “credores que não cessam de bater à porta”.
Também no primeiro Conselho Consultivo do Ministério da Comunicação Social de Angola, o ministro da tutela alertou para a necessidade de um novo modelo de financiamento, a implementar a médio e longo prazo.
João Melo regozijou-se com a subida de Angola no ranking de liberdade de imprensa, denunciou inúmeras irregularidades além do número excessivo de funcionários, entre eles “trabalhadores-fantasma”.
Os anteriores Conselhos de Administração das Empresas Públicas de Comunicação Social (TPA, RNA, ANGOP e Edições Novembro), nomeados pelo ex-presidente José Eduardo dos Santos, foram exonerados pelo Presidente de Angola João Lourenço, a 9 de Novembro de 2017. Momento em que foram nomeadas as actuais administrações.
Com a colaboraçao de Daniel Frederico, correspondente em Luanda.