BENGUELA: ADMINISTRADOR COMUNAL AGRIDE E FERE CIDADÃO

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Quintas Chiteculo , administrador comunal da Chila, ao sul do município do Bocoio, província de Benguela, feriu o cidadão Domingos Feijão na manhã do dia 22 de Dezembro.

Texto de Pinto Muxima

Domingos Feijão foi gravemente ferido na mão direita pelo administrador comunal da Chila quando, de regresso da sua lavra, deparou-se com o dirigente que principiou por lhe questionar a razão de estar cultivando a respectiva terra. Em resposta, o cidadão disse que “a lavra é minha e não preciso de ordem de alguém para a cultivar”.

Domingos Feijão | DR

O administrador, em reacção, desferiu um pontapé ao Domingos Feijão, que sem qualquer dificuldade caiu ao chão. Quintas Chiteculo imediatamente segurou a catana que o agricultor trazia e começou a ameaçar o cidadão com o instrumento cortante. Domingos conta que evitou ao máximo para que a catana não lhe atingisse na cabeça, onde mais o agressor apontava, não sendo possível proteger a mão direita na qual “quase perdia os dedos”.

Chiteculo abandonou ali o cidadão ferido, e este teve de ser socorrido e levado ao hospital por moradores da zona. No hospital, foi informado que não existia medicamentos e, por isso, “até mesmo no hospital do Bocoio nem curativo me fizeram, apenas deram-me um frasco de Hiodine dizendo-me que não há problemas e ´podes ir´”.

Com o curativo improvisado, Domingos Feijão deslocou-se ao posto local da polícia para proceder a queixa-crime contra o infractor. Sem qualquer explicação, o órgão decidiu remeter o caso às autoridades tradicionais, ignorando o facto de o facto ser crime punível nos termos do direito penal.

“Por sua vez, o criminoso não se atreveu nem a aparecer na sentada da resolução da situação com as entidades tradicionais e até este momento a crime continua impune”, disse a vítima em umbundu, pelo que recorremos a ajuda do secretário municipal da UNITA no Bocoio, José Chilumbo, para a tradução.

Aproveitamos também a oportunidade para questionar secretário partidário sobre a agressão do administrador comunal. Respondendo, aquele dirigente do maior partido da oposição disse: “o Bocoio continua a sofrer crimes como no passado. O MPLA ainda continua no poder e com isto o MPLA sempre se comportará sempre mal”. Relembrando a situação dramática que se vivia no consulado da anterior administradora comunal, Deolinda Valiangula, reconheceu que “desde as eleições de Agosto, o nível de criminalidade e de intolerância política no Bocoio baixou”. O representante da UNITA frisou estar surpreso pelo facto de ser o próprio administrador a cometer esse “gravíssimo erro”.

Questionado sobre o que pensa por o caso ser remetido às entidades tradicionais e não jurídicas, aquele dirigente avançou que “Angola ainda continua a viver o clima do mono-partidarismo. Este crime é de índole criminal, mas como eles se acham donos do poder e donos de Angola, é por isso que preferiram deixar o caso impune. Se isso fosse com a UNITA, este cidadão já estaria nos bancos de réus”.

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