Director executivo da FoA participa em Berlim no protesto contra “gastos excessivos” do jogo Angola e Argentina

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O director executivo da Friends of Angola (FoA), organização defensora dos Direitos Humanos no país, participou na última semana num protesto no Parlamento Alemão, em Berlim, contra “os gastos excessivos” previstos para o jogo entre Angola  e Argentina.

Na partida impulsionada com a vinda de Leo Messi, melhor jogador do mundo, o Governo angolano vai gastar milhões de dólares, uma medida que está a ser contestada por organizações da sociedade civil, incluindo a Friends of Angola, que entender não ser prioridade dos angolanos, cuja maioria vive em extrema pobreza e passa à fome.

“Ontem, participei de um protesto no Parlamento Alemão, em Berlim, contra os gastos excessivos previstos para o jogo Angola vs Argentina e a vinda de Leo Messi enquanto centenas de famílias passam fome, milhares de crianças estão fora do ensino primário e tantos outros não têm acesso a serviços de saúde, medicamentos de qualidade e água potável”, lê-se numa publicação nas redes sociais.

Segundo Florindo Chivucute, durante o protesto, fez igualmente um apelo à solidariedade de mais de 60 países presentes no Parlamento Alemão, “em nome de todos os angolanos que lutam por justiça social e dignidade”.

O jogo de futebol amistoso com a Argentina continua a gerar debates e polémica, nomeadamente devido ao cachet pago à Federação Argentina. Na quinta-feira, 6 de Novembro, foram revelados os preços dos bilhetes, que começaram a ser vendidos desde sábado, 8.

Os valores variam entre os mil e os cinco milhões de kwanzas, algo como um euro e 4 700 euros. Um preço “absurdo” diz a sociedade civil, para um país onde uma em cada três pessoas passa fome.

O valor do cachet pago à federação Argentina para este encontro a decorrer na próxima sexta-feira, 14, às 17h00, no Estádio Nacional 11 de Novembro, em Luanda, não foi revelado, mas o maior partido na oposição (UNITA), que tem estado a criticar os gastos que estima em 20 milhões de dólares, cerca de 18,5 milhões de euros – para um simples jogo amigável, conforme avançou à RFI.

De acordo com vários títulos da imprensa africana, a federação angolana de futebol desembolsou 12 milhões de euros para receber os campeões do futebol argentino. Entre eles, um convidado de prestígio, o craque da bola Lionel Messi.

Sem esta vedeta na equipa, a Argentina, três vezes campeã do mundo de futebol, teria exigido prestações mais baixas e Angola não pagaria tanto pelo encontro.

Este jogo, entre os Palancas Negras e o Albiceste, realiza-se no quadro das celebrações dos cinquenta anos de independência de Angola. O estado angolano comprometeu-se com o financiamento total da factura, à qual se junta a ida e volta com avião privado da delegação sul-americana, e o alojamento de toda a equipa para três noites, no mínimo, num hotel de luxo em Luanda, uma das cidades mais caras do mundo. Sem contar com a restauração, a segurança e todas as deslocações, acrescenta à Rádio France Internacional.

Nas redes sociais, cidadãos angolanos dizem já saber qual é a mensagem que levam ao estádio: “tenemos hambre” em espanhol ou “temos fome” em português. Mais de 11 milhões de pessoas passam fome em Angola, ou seja, uma em cada três pessoas, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

Radio Angola

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