Revisão do histórico de Direitos Humanos de Angola: Conclusões do Processo da Revisão Periódica Universal da ONU

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Em julho de 2025, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas concluiu a mais recente avaliação da situação dos direitos humanos em Angola, no âmbito do mecanismo da Revisão Periódica Universal (RPU).

Este processo, realizado durante a 59ª sessão do Conselho, trouxe à tona tanto o escrutínio internacional quanto ao reconhecimento dos esforços de Angola no avanço dos direitos humanos. A seguir, destacamos os principais pontos extraídos do relatório oficial da ONU adotado pelo Grupo de Trabalho da RPU.

Progresso reconhecido pela ONU

A delegação angolana, liderada pela Ministra da Justiça e dos Direitos Humanos, Marcy Cláudio Lopes, destacou reformas significativas e avanços legais desde o ciclo anterior da revisão em 2019. Entre eles:

– Ratificação de sete dos nove principais tratados internacionais de direitos humanos e de todos os instrumentos da União Africana sobre direitos humanos.

– Adoção da Estratégia Nacional de Direitos Humanos e do plano de ação abrangente.

– Reformas destinadas a melhorar a eficiência judicial, incluindo a criação de tribunais locais e especializados, a expansão da assistência jurídica e o aumento do número de juízes.

– Avanços no combate à corrupção, incluindo a recuperação de ativos e a obtenção de um prêmio internacional na área.

– Investimentos no setor social superiores a 30% do orçamento nacional em 2023, com foco na educação, saúde e redução da pobreza.

Principais Desenvolvimentos em Direitos Humanos

Angola informou progressos em diversas áreas:

– Proteções Legais: Os princípios de igualdade de tratamento e exclusão de discriminação estão consagrados na Constituição, com leis que proíbem atos de tortura.

– Liberdade de Expressão e Reunião: O governo afirmou que nenhum jornalista é detido ou perseguido por exercer a liberdade de expressão, e que as manifestações de importação são permitidas.

– Combate à Corrupção: Há foco na perseguição de crimes financeiros e no aumento da transparência, incluindo a adesão à Iniciativa de Transparência nas Indústrias Extrativas (ITIE).

– Serviços Sociais: Os indicadores de saúde melhoraram, com o aumento da expectativa de vida de 58 para 62 anos entre 2017 e 2022, redução da mortalidade materna e ampliação significativa do acesso aos cuidados primários de saúde.

– Igualdade de Género: Pela primeira vez, mulheres ocupam cargos de alto nível como Vice-Presidente da República e Presidente da Assembleia Nacional.

Desafios apontados pelos estados membros

Apesar dos progressos, 103 Estados-membros da ONU levantaram preocupações persistentes e fizeram recomendações:

– Ratificação dos tratados ainda pendentes, incluindo a Convenção sobre Desaparecimentos Forçados e a Convenção sobre Trabalhadores Migrantes.

– Reforço da instituição do Provedor de Justiça em conformidade com os Princípios de Paris.

– Investigação de denúncias de detenções arbitrárias, uso excessivo da força e evidente da liberdade de reunião.

– Revisão de lacunas legais relacionadas com a liberdade de expressão, incluindo a revisão da Lei de Segurança Nacional e das leis sobre manifestações públicas.

– Fortalecimento da proteção de organizações da sociedade civil, jornalistas e defensores dos direitos humanos.

– Combate à violência doméstica, casamentos precoces e fortalecimento das proteções legais das mulheres.

– Garantia de acesso equitativo à educação, especialmente para meninas e populações vulneráveis em áreas rurais.

– Combate à pobreza por meio da ampliação de programas de proteção social como o “Programa Kwenda”.

Conclusão e próximos passos

O governo angolano acolheu as recomendações e reafirmou o seu compromisso com a implementação das mesmas. O Conselho de Direitos Humanos da ONU espera que Angola apresente respostas antes do final da sessão atual.

O processo da RPU evidencia tanto os avanços quanto os desafios que permanecem na garantia dos direitos humanos para todos os cidadãos angolanos. A cooperação contínua com mecanismos internacionais e as reformas internas serão fundamentais para o cumprimento das obrigações de Angola em matéria de direitos humanos.

Radio Angola

Radio Angola aims to strengthen the capacity of civil society and promote nonviolent civic engagement in Angola and around the world. More at: http://www.friendsofangola.org

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