Autoridades mantêm refém Tenente-Coronel das FAA que denunciou envolvimento de altas patentes da polícia em ocupação ilegal de terrenos

Fontes do Ministério do Interior (MININT) e do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional (CPLPN) avançaram ao O Decreto que a detenção e manutenção da prisão preventiva sem julgamento do Tenente Coronel das Forças Armadas Angolanas (FAA), Daniel Neto à Presidência da República e ao Bureau Político do MPLA, devido às motivações políticas.

Segundo uma fonte da Presidência, ouvido pelo O Decreto, tudo começou em Novembro de 2023, quando deputados do Grupo Parlamentar da UNITA visitaram as camponesas da empresa “Konda Marta” e doaram bens de primeira necessidade às famílias carenciadas em vésperas da quadra festiva.

No encontro com a delegação parlamentar do “galo negro”, na altura encabeçada pelo deputado Adriano Sapiñala, actual secretário provincial de Luanda, o director da empresa “Konda Marta”, Daniel Neto teria proferido um discurso de boas vindas à comitiva com críticas sobre alegada violação dos direitos humanos em função da violência policial que as camponesas têm sido alvos ao longo dos últimos anos, na sequência da disputa de terra no Distrito Urbano da Cidade Universitária, no município do Talatona, em Luanda, tendo agradecido o gesto solidário dos deputados à Assembleia Nacional.

A fonte ressalta que, o discurso do também porta-voz das camponesas “mexeu” com a estrutura do MPLA, que acusou o oficial superior das Forças Armadas Angolanas de fazer campanha partidária a favor da UNITA.

Entretanto, um dos filhos do empresário Daniel Neto, identificado por Brandão Afonso Neto disse ao portal O Decreto que o seu pai sempre foi das extintas Forças Armadas de Libertação de Angola (FAPLA), antigo braço armado do MPLA e depois transitou para as Forças Armadas Angolanas (FAA), pelo que não entende as motivações de ser associado à União Nacional para Independência Total de Angola UNITA.

“Entendemos que no MPLA quem fala a verdade é reprimido e considerado como opositor, práticas reiteradas do partido no poder contra quem reivindica os seus direitos”, lamentou.

Quanto à funcionária Joana Miguel Magita, chefe das operações da empresa Konda Marta, segundo a mesma, sempre foi militante do MPLA conforme comprova o cartão de membro da Organização da Mulher Angolana (OMA) n.º 144469, emitido a 11 de Abril de 2012, assinado pela então secretária nacional do braço feminino do MPLA, Luzia Inglês Inga.

Na semana passada surgiram informações que davam conta de uma reunião realizada recentemente no Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional (CPLPN), com a participação do delegado do Ministério do Interior, Francisco Ribas, do antigo comandante municipal do Talatona, Joaquim do Rosário e outros oficiais superiores, onde supostamente foi “traçado um plano considerado macabro, que visa injetar uma substância venenosa ao Tenente Coronel das Forças Armadas Angolanas (FAA), Daniel Neto, que se encontra detido há mais de quatro meses na Comarca de Viana”.

Segundo a fonte policial, que terá presenciado o encontro nas instalações do Comando Provincial de Luanda, não tendo sido possível a eliminação física do director da empresa “Konda Marta” e porta-voz das camponesas, que reivindicam titularidade dos espaços no 11 de Novembro, devia ser transferido da Comarca de Viana para o Hospital Prisão de São Paulo (HPSP) nos próximo dias, com o pretexto de fazer consultas, uma vez que, em Junho último, Daniel Neto teria se queixado de febres dentro da cela.

“Na medida em que vai ser submetido a exames, vão aproveitar para injetar substância venenosa, que depois da sua libertação, vai causar transtornos na sua mente ao ponto de não ter capacidade de continuar a reivindicar pelos terrenos”, detalhou a fonte.

O tenente-coronel das FAA, Daniel Neto, foi detido na manhã do dia 10 de Junho deste ano, junto à Polícia Judiciária (PJ), em Luanda, acusado de crime de associação criminosa, o que a defesa alega não ter sustentabilidade.

Na altura, os homens supostamente “desconhecidos”, que se faziam transportar de uma viatura de marca Land Cruiser de cor branca com os vidros fumados com a matrícula LD 84-86 GK, levaram-no para um local incerto, mas que horas depois viriam aparecer detido numa das instalações do SIC.

Fonte: O Decreto