Divisão de Luanda: Uma abordagem insuficiente para os desafios essenciais – Pedro Gonga

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Como activista cívico e defensor pelos direitos humanos, acredito que a proposta de dividir a província de Luanda em duas novas províncias não aborda adequadamente os desafios fundamentais que afectam o desenvolvimento e a gestão dessas áreas.

A verdadeira solução para os problemas de governação, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida dos cidadãos de Luanda não reside na criação de novas divisões administrativas, mas sim na implementação e fortalecimento das autarquias locais.

O exemplo de Cabo Verde, um país africano a qual tive a oportunidade de visitar e ter uma interação directa com as instituições públicas e privadas, é um caso emblemático.

Sendo uma ilha com desafios logísticos complexos, encontrou na institucionalização das autarquias locais um caminho para fortalecer a democracia, promover o desenvolvimento equitativo e melhorar a prestação de serviços públicos.

As autarquias locais em Cabo Verde funcionam como verdadeiros motores de desenvolvimento equilibrado, pois têm a proximidade necessária para compreender e responder às necessidades específicas das suas comunidades, garantindo que as mesmas sejam atendidas de forma mais eficaz e transparente.

A institucionalização das autarquias em Angola não apenas descentralizariam a gestão pública, mas também permitiria uma gestão mais eficiente e participativa, proporcionando às comunidades de Luanda e outras regiões do país a oportunidade de eleger seus líderes locais, que estariam diretamente responsabilizados pela melhoria dos serviços públicos, infraestrutura, educação, saúde e outros setores essenciais.

Este modelo de governação permitiria que as soluções fossem moldadas de acordo com as realidades específicas de cada município, promovendo uma maior transparência e combate à corrupção, questões que permanecem cruciais para o progresso da nossa querida nação, Angola.

Dividir Luanda pode parecer uma solução imediata para problemas de superpopulação e desafios urbanos, mas sem a base sólida de uma governação local participativa e democrática, essa mudança arrisca ser apenas uma medida paliativa.

É essencial que priorizemos a criação de autarquias locais em Angola, seguindo o exemplo de Cabo Verde, para garantir que o desenvolvimento seja conduzido de forma inclusiva, sustentável e verdadeiramente representativa dos interesses dos cidadãos.

Assim, a verdadeira mudança virá da capacitação das comunidades através da descentralização do poder e da gestão local. Por isso, ao invés de nos concentrarmos em linhas divisórias administrativas, devemos canalizar nossos esforços para a implementação das autarquias locais em Angola, seguindo o exemplo bem-sucedido de Cabo Verde.

Este é o caminho para construir uma Angola mais democrática, coesa e justa, onde o desenvolvimento reflete as necessidades e aspirações de todos os cidadãos.

Radio Angola

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