Oposição e analistas alertam que ataques “xenófobos e racistas” podem perigar ambiente eleitoral em Angola
Por VOA
Reacção surge ao posicionamento do MPLA aos confrontos mortais em Cafunfo
O comunicado do Bureau Político do partido do Governo em Angola, o MPLA, em relação aos incidentes de Cafunfo, nos quais a UNITA diz terem sido mortas 23 pessoas, enquanto a polícia fala em seis, revela um partido que continua sem soluções, para responder aos principias problemas sociais, na óptica da oposição e analistas.
As críticas estendem-se ao facto de o MPLA levantar questões consideradas xenófobas e discrimatórias contra o líder do principal partido da oposição, Adalberto Costa Júnior, que, para vastos sectores da opinião pública, fazem parte de um jogo político não eficaz num país que adoptou o Estado de Direito e Democrático.
Florindo Chivucute, da organização não governamental Friends Of Angola (FoA), considera ser uma estratégia política com o intuito de desviar as atenções das mortes de Cafunfo, mas que em nada se justifica por atropelar a ética que se exige no exercício da política e também na harmonia no jogo político.
O activista vai mais longe ao chamar a atenção das lideranças políticas para um maior cuidado e responsabilidade no discurso sobretudo neste período pré-eleitoral que pode resvalar para cenários dramáticos para a sociedade.
Por isso, advoga, é importante que este tipo de comentários seja repudiado pelo próprio Presidente da República e do partido, João Lourenço, pelos dirigentes do partido dos camaradas e pela sociedade civil para se evitar mais problemas que já não são poucos na sociedade angolana.
A narrativa da falta de seriedade e estratégia política é também apontada pelo coordenador da organização não governamental OMUNGA.
Joao Malavindele teme que este jogo baixo possa beliscar um país que quer ser democrático.
Por seu lado, a UNITA classifica de “ataques xenófobos e racistas” o conteúdo do comunicado do Bureau Político do MPLA.
O partido considera de “baixaria” os supostos ataques à figura do seu presidente e lembra que, devido ao conflito armado, muitos dirigentes, incluindo personalidades do partido governante, viram-se forçados a obter duas ou mais nacionalidades, como aconteceu com Adalberto Costa Júnior, que, prontamente, renunciou a sua segunda cidadania.
O porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, minimiza os ataques do MPLA e encoraja os angolanos a continuarem a reivindicar pelos seus direitos.
Entretanto, no comunicado, o MPLA refere que quer uma Angola onde impere um verdadeiro Estado Democrático de Direito, onde prevaleça o primado da lei, onde se respeitem as instituições do Estado, onde se respeitem os símbolos nacionais e os mais nobres valores da cultura e da história do país.
Acrescenta que pretende uma Angola onde os eleitores não sejam surpreendidos com líderes políticos sem escrúpulos, que afinal são cidadãos estrangeiros e por isso executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos.