Trabalhadores da AFRO-MATE em Benguela denunciam salários de miséria e maus-tratos da direcção da empresa
Os trabalhadores afectos à empresa AFRO-MATE denunciam que sofrem violência física e verbal, e outros maus-tratos dos responsáveis da instituição, uma situação, segundo dizem, configuram numa violação dos direitos humanos.
Faustino Dumbo | Lobito
Sediada na cidade de Benguela, a empresa AFRO-MATE está vocacionada à prestação de serviços de camionagem e opera na província das Acácias Rubras desde ao ano de 2013, altura em que foi fundada no bairro “Bela-Vista alta”, tendo como proprietário o senhor Nuno Martins, cidadão luso-angolano a quem os trabalhadores consideram de arrogante juntamente com outro luso-angolano, João Pedro, gerente da empresa.
Os trabalhadores dizem que são tratados como “escravos” pelos senhores Nuno Martins e João Pedro, gestores da empresa, um cenário que para eles “é um autêntico terror laboral”. São sete motoristas, quatro funcionários administrativos, uma secretaria e uma cozinheira.
Os motoristas auferem um salário mensal de 45 mil kwanzas, os trabalhadores administrativos ganham 17 mil, enquanto as secretárias têm o rendimento de 25 mil kwanzas/mês.
Em denuncia à Rádio Angola, os funcionários afirmam que auferem “salários miseráveis que não servem para custear as despesas de casa durante o mês”, e com se não bastasse, referem, “nunca são pagos a tempo” e neste momento estão há mais de quatro meses sem os seus ordenados, bem como não têm direito a férias, nem subsídio, tão pouco ao décimo terceiro.
Avançam igualmente que não têm cartão de segurança social nem contratos e, quando são pagos, não assinam nenhuma folha que comprove ao pagamento de salários. Os trezes trabalhadores manifestam-se indignados com ao que consideram má gestão.
Vários trabalhadores tiveram que abandonar o serviço por iniciativa própria, devido aos maus-tratos: “Muitos decidiram sair porque já não agüentavam mais suportar, mas muito também foram despedidos injustamente e sem indminização”, disse um dos trabalhadores que preferiu o anonimato.
Dos dados reportados, apontam, por exemplo, que o antigo trabalhador Francisco, foi despedido por não ter aceitado o pedido do patrão que queria que o mesmo viajasse com um dos camiões que tinha dificuldades nos travões (cintas), carregando um contentor de 40 pés cheio de bens alimentares.
O Alberto, trabalhador da mesma empresa teria sido colocado no olho da rua, por este ter pedido explicações à direcção sobre descontos verificados no seu salário. Enquanto que o André foi “corrido” da instituição por exigir a inserção dos trabalhadores na Caixa de Segurança Social (CSS).
De acordo com a fonte, quando reclamam os seus direitos, são ameaçados de prisão, já não têm direito à alimentação por, nos últimos dias, não haver comida na empresa.
As péssimas condições laborais constituem outra preocupação dos trabalhadores, para quem labutam há falta de segurança, pois, exercem as suas actividades de sem luvas, óculos, botas e sem uniforme da empresa.
“Tem acontecido muitos acidentes na área da mecânica, os funcionários não podem reclamar, apenas só cumpram tudo que o patrão diz, quem reclamar é visto como agitador e pessoa de má influência”, lamentou outro trabalhador.
A Rádio Angola sabe que, os motoristas são os mais produtivos na empresa, porquanto, maior parte das receitas da instituição provém do seu trabalho de camionagem, mas reclamam que são mal pagos e com descontos “injustificados”.
Os gestores da empresa (Nuno Martins e João Pedro) são acusados igualmente de violência física e verbal contra os trabalhadores, que segundo as fontes que temos vindo a citar, são humilhados diariamente pelos patrões.
“Aqui somos tratados como escravos que só podem cumprir o que os patrões dizem e não podemos reclamar de nada mesmo estando a violar os nossos direitos, quem assim o faz, vai para rua”, frisou outra fonte, acrescentando que: “Trabalhamos de segunda a sábado e produzimos para a empresa, mas no fim do mês, não levamos quase nada para casa.
Para eles, a “única coisa que nós temos como funcionários desta empresa, é a liberdade de escolha, entre permanecer na empresa ou sair sem ser indemnizado”.
A Rádio Angola tentou de diversas formas contactar a direcção da AFRO-MATE, mas nada resultou.