“Violência policial contra as zungueiras é excessiva”, diz directora executiva da PMA
Verónica Sapalo é directora executiva da organização da sociedade civil Plataforma Mulheres em Acção (PMA). A Rádio Angola contactou a activista com o propósito de ouvir a sua opinião sobre as agressões físicas e psicológicas de que têm sido vítimas as mulheres vendedoras ambulantes, vulgarmente identificadas por zungueiras.
Focada em advocacia social, a PMA está a desenvolver um programa sobre o empoderamento económico das mulheres e, neste sentido, tem dialogado com os organismos governamentais que levam a cabo o programa de desenvolvimento da mulher rural e de combate à pobreza, com vista a se prestar mais atenção às mulheres que sobrevivem da venda ambulante.
Entretanto, Verónica Sapalo reconhece que o Estado tem grande responsabilidade no que concerne a violência física e psicológica que as zungueiras sofrem diariamente, principalmente nas ruas da capital do país. Segundo os órgãos governamentais que tutelam os referidos programas voltados às mulheres, avançou a directora executiva, algumas iniciativas de inclusão estão a ser já executadas, como a entrega de kits às mulheres zungueiras na zona do São Paulo, no município do Sambizanga, sem especificar o conteúdo dos kits.
“Os problemas de violência baseadas nas acções económicas, sobretudo pela ordem da polícia, são excessivas e acontecem periodicamente”, disse, acrescentando: “ainda não há uma estrutura governativa que pudesse salvaguardar o interesse dessas mulheres”.
Adiante, Verónica Sapalo apontou a necessidade de se fazer um trabalho direccionado ao ministério do Interior para proporcionar medidas não agressivas em substituição das que têm sido aplicadas, com bastante brutalidade ao ponto de causar a morte de zungueiras, como aconteceu com a jovem Weza, e em alguns casos os bebés das vendedoras também são vítimas da violência.
“Muitas vezes as autoridades policiais não observam para onde estão a direccionar aqueles porretes com que estão a bater a zungueira. Esse é um aspecto muito preocupante”, lamentou.
A falta de abrigos específicos para as vítimas de violência, quer física, psicológica ou sexual, e na ausência de familiares que acautelem a hospedagem enquanto for necessário, tem feito com que várias mulheres desistam de processos judiciais contra os agressores e, em alguns casos, como a violência doméstica, elas são obrigadas a viver com o seu agressor, numa luta desenfreada pela sobrevivência.
As dificuldades financeiras da Plataforma Mulheres em Acção é uma das razões para a fraca dedicação às mulheres zungueira por parte da organização, reconheceu Verónica Sapalo. Porém, a directora executiva da PMA incentivou as autoridades a terem atenção ao sector informal, especificamente a zunga, para obter impostos mediante uma organização dos que fazem da venda ambulante seu meio de subsistência.
Dada a longevidade da venda ambulante, que acentuou com o eclodir da guerra civil de 1992, a activista é de opinião que o governo deveria ter muita atenção com a questão com vista a salvaguardar o sustento de várias famílias que dela dependem.
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