“Um sério ataque ao país”, diz Governo angolano sobre acusações contra Manuel Vicente
Ministério das Relações Exteriores fala em forças interessadas em perturbar ou destruir as relações amistosas entre Portugal e Angola.
Fonte: VOA
O Ministério das Relações Exteriores (Mirex) de Angola considerou “um sério ataque ao país” e chamou de “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal contra o vice-presidente, Manuel Vicente
“Um sério ataque à República de Angola, susceptível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados”, diz a nota do Mirex que diz ter tomado conhecimento “com bastante preocupação, através dos órgãos de comunicação social portugueses”, da acusação do Ministério Público português “por supostos factos criminais imputados ao senhor engenheiro Manuel Vicente”.
O Mirex adverte que a notícia tem sido aproveitada “por forças interessadas em perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados”, sem identificar as forças.
“Não deixa de ser evidente que, sempre que estas relações estabilizam e alcançam novos patamares, se criem pseudo factos prejudiciais aos verdadeiros interesses dos dois países, atingindo a soberania de Angola ou altas entidades do país por calúnia ou difamação”, continua a nota do ministério liderado por Georges Chikoti
Enquanto isso, o Mirex defende que os dois governos deviam concentrar-se “nas relações mutuamente vantajosas, criando sinergias e premissas para o aprofundamento da cooperação económica, cultural, política, diplomática e social, como meio de satisfação dos interesses fundamentais dos seus povos”.
A posição do Governo angolano surge depois de o Ministério Público português ter acusado, a 16 de Fevereiro, Manuel Vicente, na altura dos acontecimentos presidente do Conselho de Administração da Sonangol, pelos crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documento.
O advogado do actual vice-presidente de Angola , Rui Patrício, afirmou que o seu cliente não foi notificado, nem informado, de qualquer acusação da justiça portuguesa, no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais.
Refira-se que a ministra portuguesa da Justiça, Francisca Van Dunem, natural de Angola, devia visitar Luanda este semana, mas, poucos dias antes, o Governo angolano pediu o seu adiamento “sine die”.
O pedido foi feito depois de a divulgação da acusação contra Manuel Vicente.
No passado dia 17, em Braga, o Presidente português considerou que a acusação judicial ao vice-presidente angolano corresponde ao “funcionamento normal das instituições” e à “separação de poderes em Portugal”.
“É o funcionamento normal das instituições. Como sabem, há uma separação de poderes em Portugal, a justiça portuguesa é uma realidade, um poder separado do poder parlamentar, da Assembleia da Republica, do poder Executivo, do Governo e do Presidente, e funcionou”, disse Marcelo Rebelo de Sousa questionado por jornalistas.