“TEMOS QUE VER OS CORRUPTOS NA CADEIA”, DIZ RAFAEL MARQUES
O jornalista Rafael Marques, absolvido na última sexta-feira, 06/07, pelo Tribunal Provincial de Luanda, acusado de crimes de injúria e ultraje ao órgão de soberania em processo movido pelo ex-Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa, diz que “os corruptos é que devem ser julgados e conduzidos à cadeia”, por isso, apesar de ser ilibado da acusação, garante que vai continuar a fazer o jornalismo de investigação “denunciando os dirigentes envolvidos em actos de corrupção”.
Texto de Rádio Angola
De acordo com o acórdão do Tribunal que julgou improcedente a queixa-crime apresentada pelo antigo PGR, João Maria de Sousa, não ficou provado o crime que consta da douta acusação.
Segundo a juíza da causa, Georgina Falcão, a notícia publicada pelo portal Maka Angola e depois retomada pelo Jornal “O Crime” não foi lesiva à honra do ex-PGR João Maria de Sousa, tão pouco ao então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, pelo que em nome do povo a meritíssima mandou os dois jornalistas em liberdade.
Entretanto, na sua reacção à decisão do tribunal, o jornalista Rafael Marques considera que é uma sentença histórica, tendo sublinhado que vai “manter-se na luta de denúncias de actos de corrupção e dos seus dirigentes”. Para Rafael Marques, os que praticam actos de corrupção é que devem ser julgados e conduzidos à cadeia e não colocar em liberdade os que denunciam.
Já o jornalista Mariano Brás, director do jornal “O Crime” que retomou a matéria, advoga que é uma decisão histórica e que ganhou o “jornalismo responsável”.
Em tribunal, os advogados do general João Maria de Sousa pediram a condenação dos dois jornalistas pela publicação de uma notícia, há dois anos, ao pagamento de uma indemnização total de quatro milhões de kwanzas.
Em causa está uma notícia de Novembro de 2016, divulgada no portal de investigação Maka Angola, do jornalista Rafael Marques, com o título “Procurador-geral da República envolvido em corrupção”, que denunciava o negócio alegadamente ilícito realizado por João Maria de Sousa, envolvendo a aquisição de um terreno de três hectares, no município do Porto Amboim, província do Kuanza-Sul, para construção de condomínio residencial.
A notícia foi posteriormente retomada por Mariano Brás para a sua publicação semanal “O Crime”, o que motivou João Maria de Sousa a acusar os jornalistas de crimes de injúria e ultraje ao órgão de soberania.
Oiça aqui na página da Rádio Angola a reacção dos dois jornalistas absolvidos pelo Tribunal Provincial de Luanda.