Ravinas de grandes dimensões destroem centenas de casas na Lunda-Norte
Mais de uma dezena de ravinas de grandes proporções “engoliu” nos últimos meses, na província da Lunda-Norte, cerca de duzentas residências em Cafunfo, com maior enfoque para os conhecidos bairros de Kamakenzo e Elevação, arredores da vila mineira deixando várias famílias sem abrigo.
Segundo o portal O Decreto, cenário idêntico constata-se no Município de Caungula, igualmente na Lunda-Norte, onde cidadãos perderam as suas moradias e outros correm o risco de ficar desalojados, devido à progressão sucessiva de mais de 70 ravinas ao nível da província.
Em Caungula, algumas residências de funcionários da Administração Municipal foram destruídas em consequência de uma das ravinas de grande dimensão, que de igual modo cortou a circulação da Avenida Alameda separando o município em dois eixos.
“Nesta via, também temos ocasião de denunciar que a estrada 225 EN, também tem dias contados, pois temos duas zonas entre o bairro Ingonji no Mussaco e bairro Friquixi, os automobilistas estão a passar por um lado, uma vez a estrada está nas péssimas condições pelo que pedimos desde já a intervenção de quem é de direito para prevenir os próximos acidentes”, lamentou uma das autoridades tradicionais.
Na vila de Cafunfo existem mais de dez ravinas em grandes proporções, que progridem entre as casas e as famílias clamam por apoio da Administração Municipal do Cuango, pelo facto de se encontrarem desprovidas de meios para combater o fenómeno ou se mudarem para as áreas mais seguras.
Os moradores dizem-se preocupados com o alastramento de ravinas, e pelo facto deste fenómeno estar a engolir residências de muitos moradores do bairro Elevação, e não só, por isso pedem a quem de direito a resolver a aflição da população.
O cidadão Bouque, morador em um dos bairros afectados, considerou preocupante a situação e pede intervenção urgente das autoridades administrativas no município do Cuango e especialmente da província da Lunda-Norte, para combater este fenômeno que dura há anos.
Costa Muautale, outro morador, disse que se as ravinas continuam a progredir e a destruir residências de moradores “é porque ainda não engoliu residência de nenhum membro da administração e ou da família de um dirigentes neste município, se tivesse engolido uma, acreditamos que já teriam sido intervencionadas”.
Denunciam que nos últimos tempos as referidas ravinas têm servido de depósitos de cadáveres, e dados apurados por este portal indicam que a população já encontrou mais de dez corpos de crianças e adultos, sem explicações claras.
Lucrécia Muacandumba disse que a sua casa caiu parcialmente durante uma noite enquanto dormia, e a sua família enfrentou o risco de desabamento das paredes que caíram na altura.
“Graças a Deus nada de mal aconteceu com a minha família, perdi alguns bens”, salientou acrescentando que à semelhança do que aconteceu consigo, “muitos vizinhos perderam as suas moradias assim como várias Igrejas, Comité de Acção da Elevação do MPLA, devido às chuvas que estão a provocar erosão dos solos”, contou.
Por sua vez, o ancião Salvador Muamuixi, antigo trabalhador da RST residente no bairro da Elevação, entende que os diamantes devem beneficiar os populares, pois segundo ele “não podemos admitir que os diamantes só beneficiem a classe dominante, com dinheiros vindo na venda de diamantes tem de ser aplicado para estancamento do fenómeno natural, acrescentando que “caso o governo não resolver esta situação, estamos dispostos em mobilizar toda a população afectada e não só, para sairmos às ruas para protestar”.
No Dundo, a capital da província, os habitantes do Kamakenzo, ouvidos por este portal afirmaram que as ravinas desalojaram muitas famílias e outras que estão na iminência de “engolir” o aeroporto local assim como a centralidade de Mussungo, que está a merecer uma intervenção, mas sem perspectivas, disse um dos funcionários públicos que preferiu o anonimato.
Os habitantes de Cafunfo pretendem nos próximos dias, realizar uma manifestação pacífica junto da administração local, mas antes, solicitaram uma audiência com o administrador Daniel Mataza para que receba a lista de residências supostamente destruídas pelas ravinas, cuja listagem terá sido orientada pelo ex-administrador municipal do Cuango, Guilherme Cango.