Rádio Despertar: 15 anos de ameaças de corte do seu sinal – José Gama

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A Rádio Despertar assinala hoje 15 anos de existência. A sua “substituição” como sucessora da antiga VORGAN, foi idealizada a luz dos acordos de Lusaka assinados em 1994, entre o governo e a UNITA. Foi Jonas Savimbi, então líder do “Galo Negro”, que despacharia, para Itália, o então chefe das operações da região norte, major Felix Miranda , para se juntar ao seu representante em Roma, Adalberto Costa Júnior para aquisição dos equipamentos para instalação da futura rádio. O seu primeiro director foi Alexandre Neto Solombe.
Antes das eleições de 2008, o regime incomodava-se com a Despertar. O então porta-voz do MPLA, Norberto Santos “Kwata Kanawa” apresentava um discurso de ameaças de encerramento desta emissora alegando que funcionava “ilegalmente”. Na altura o verdadeiro problema, era um programa de nome “Parlamento” em que os ouvintes ligam a fazer duras criticas a má governação, o que não agrada ao regime.
A tese de ilegalidade levantada, na altura por Kawana, era de que a emissora Despertar operava sob alçada de um partido (entenda-se UNITA). Kanawa fazia aproveitamento da legislação que impede partidos políticos de serem detentores de rádios privadas.
Fora por força desta legislação que levou a UNITA entregar a gestão da emissora a um grupo de accionistas próximos a si (Macial Dachala, Victorino Hossi, e Abel Chivukuvuku ). Os seus reporteres ou jornalistas são profissionais sem vinculação oficial a UNITA, embora em muitos casos aparentam cultivar uma linha editorial “opositora” as restrições as liberdades cívicas em Angola, e as execuções policiais.
A aparente seriedade com “Kanawa” manifestava o seu virtual desagrado fora notado a margem de uma discussão e aprovação na generalidade do OGE no parlamento angolano; e de seguida baixara orientações ao então Ministro da Comunicação Manuel Rabelais para tomar a decisão que “convinham” ao regime. Naquela altura, os secretários para informação do MPLA davam ordens aos ministros da comunicação social.
Pouco meses antes das eleições de 2008, o Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) comunicava que iria suspender a radio por 180 dias.
O então porta voz da UNITA, Adalberto Costa Júnior, dizia a media que a decisão conjunta dos Ministérios das Telecomunicações e da Comunicação Social de suspender a Despertar era “claramente uma atitude politico-eleitoral”
“Esta é uma atitude eminentemente política porque nós sabemos que a situação da rádio Despertar é igual à de outras a operar em Luanda e o Governo apenas formalizou o processo de suspensão para a rádio Despertar”, ajuntou.
Sempre que Angola esta a beira de eleições, o regime ameaça cortar o sinal da Radio Despertar, algumas vezes invocando que o sinal esta a chegar a zonas não permitidas pela licença que lhe foi emitida.
O sinal mais deselegante de reservas do regime face a Radio Despertar foi sentido em outubro de 2013, quando o governo na pessoa do ministro da comunicação social, Luís de Matos não lamentou o passamento físico do director desta rádio, Aurélio João Evangelista “Zito Kalhas”. 9 dias depois do director “Zito Kalhas” ter ido a enterrar no cemitério municipal da Kamunda, em Benguela, o director Queirós Anastácio Chiluvia enviou uma carta ao ministro manifestando o seu silêncio face ao falecimento daquele que também foi o vice-Ministro da Comunicação Social no GURN saído dos acordos de Lusaka em Novembro de 1994.

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