Organizações juvenis denunciam “escravidão moderna” em Angola

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As organizações juvenis partidárias (JURS), (JFNLA) e o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) denunciaram a falta de acesso aos serviços públicos, bem como a ausência de oportunidades para empreendedorismo no seio da juventude, que segundo a constatação, enfrentam aumento galopante de desemprego no país.

Falando em conferência de imprensa, realizado no Auditório das “Irmas Paulina”, em Luanda, que visou analisar o estado actual da juventude após 50 anos de Independencia Nacional, os participantes criticaram abertamente a governação do Presidente da República, João Lourenço  alegando um retrocesso e uma alegada má gestão dos recursos públicos.

Durante o encontro com os jornalistas, os líderes da JURS, braço juvenil do PRS, Jaime Domingos Vunge, da JFNLA, Paulo Cassoma e do MEA, Francisco Teixeira, levantaram questões que entendem ser “urgentes sobre a situação da juventude no país”, tendo revelado “altos índices de desemprego, o crescimento da escravidão moderna”, no ambiente de trabalho supostamente submetido aos jovens um pouco por todo o país.

O presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) Francisco Teixeira disse mais de 50% dos jovens angolanos estão desempregados, com um número considerável de jovens fora das universidades, apesar de terem vontade de estudar.

Além disso, egundo ele, os participantes da conferência destacaram uma “acrescente subida da escravidão moderna” no país. Jovens estariam trabalhando em regimes muito acima das 8 horas diárias previstas pela Lei Geral do Trabalho, chegando a jornadas de 16 horas (6h até 22h) ou mais (6h até 1h da manhã).

“Os salários são frequentemente muito abaixo do salário mínimo, com jovens a ganhar 25, 30 ou 40 mil kwanzas, caracterizando essa prática como escravatura moderna”, frisou.

A situação dos professores no ensino privado, chamados de “Garimpero,” foi mencionada, com colégios a pagar apenas 300 ou 400 kwanzas por hora. De acordo com o MEA, muitos jovens têm de trabalhar em quatro colégios diferentes em vários municípios, recebendo no final do mês cerca de 50 mil kwanzas.

Condições semelhantes foram relatadas em shoppings, cantinas e armazéns, onde jovens, incluindo mulheres, são submetidos a jornadas intensas, trabalhando feriados e domingos sem qualquer subsídio, o Ministério do Trabalho foi criticado por não conseguir proteger os próprios jovens. Os oradores questionaram a privatização de bens públicos e o acesso limitado a clínicas construídas com dinheiro do Estado.

Por sua vez, o líder da JURS Jaime Domingos Vunge  acusou o Ministro da Juventude Desportos (MINJUD)  de “mentir” nas Nações Unidas ao se referir sobre a habitação, agronegócio e formação técnico-profissional para a juventude. “Ruí Falcão foi  desmentido que há habitação para jovens, sendo que o próprio Presidente da República já teria dito que não haveria mais”, disse.

Afirmou que a formação técnico-profissional de qualidade estaria inacessível, custando cerca de 500 ou 600 mil kwanzas no INEFOPE, um valor que os jovens sem dinheiro não conseguem pagar.

Jaime Vunge apontou alegada falta de apoio para o agronegócio, “apesar da vontade dos jovens de empreender  no sector, visão que foi partilhada pelo líder do MEA , Francisco Teixeira, que lamentou  “o  grande número de jovens que está a abandonar o país, em busca de melhores condições, enquanto muitos estrangeiros chegam para ocupar cargos de chefia”.

“Os angolanos qualificados acabam por aceitar empregos pouco qualificados no exterior (lavar pratos, trabalhar em lares de idosos), enquanto os estrangeiros que chegam a Angola são prontamente empregados, por vezes sem a devida qualificação, apenas por falarem uma língua estrangeira”, lamentou.

Os líderes juvenis apelaram para que os jovens tenham “coragem suficiente para voltar às ruas”, exigindo responsabilidade do governo, garantindo que “as manifestações e conferências de imprensa não irão parar enquanto os problemas não forem resolvidos”.

Radio Angola

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