ONGs denunciam agravamento da repressão e aumento do número de presos políticos em Angola

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Várias organizações da sociedade civil denunciaram esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o que classificam como um “quadro de repressão sistemática” e “violação grave dos direitos humanos” em Angola durante o mandato do Presidente João Lourenço.

A iniciativa partiu da Sociedade Civil Contestatária, UNTRA, Escola de Direitos Humanos e Liderança na Comunidade, Observatório da Imprensa de Angola e da ONG norte-americana Friends of Angola (FOA), que apelaram à atenção nacional e internacional para a situação dos chamados presos políticos no país.

Prisões após protestos

Segundo as organizações, as manifestações de julho, incluindo a greve dos taxistas, resultaram em pelo menos 12 novas detenções. Entre os detidos encontram-se Osvaldo Kaholo, Serrote José de Oliveira (conhecido como “General Nilas”), André Miranda, Buka Tanda e Kiluanje Lourenço, além de líderes de associações e cooperativas de táxi.

Os activistas encontram-se dispersos em várias unidades prisionais, incluindo a Comarca de Viana, a prisão de alta segurança de Kalomboloca e o estabelecimento prisional da Damba.

Casos emblemáticos

• Osvaldo Kaholo foi detido a 19 de julho e encontra-se em prisão preventiva, acusado de “rebelião” e “apologia ao crime”. Segundo familiares, está doente e não recebe assistência médica adequada.

• General Nilas foi preso a 28 de julho, sem acusação formal até agora. Baleado na perna, não recebe tratamento médico e permanece sem processo instruído.

• Gonçalves Frederico (“Fredy”), detido em maio, já ultrapassou o prazo legal da prisão preventiva. Denúncias dão conta de maus-tratos, privação do banho de sol e falta de defesa legal.

• Kiluanje Lourenço, em Malanje, foi condenado a quatro meses de prisão efetiva por ter filmado protestos. As organizações defendem que a pena deveria ter sido convertida em multa.

Denúncias de violações

De acordo com os organizadores, os detidos enfrentam condições degradantes, como:

• ausência de assistência médica,

• detenções prolongadas sem acusação,

• restrições ilegais de visitas,

• isolamento em celas solitárias,

• tortura psicológica e agressões físicas.

“As condições carcerárias revelam um padrão de violações graves que comprometem a imagem do país e atentam contra a Constituição e os tratados internacionais de direitos humanos assinados por Angola”, lê-se no documento apresentado.

Apelo à comunidade nacional e internacional

As organizações pediram maior mobilização da sociedade civil, das igrejas e da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, para pressionar o Estado angolano a libertar os detidos.

“Não podemos permitir que cidadãos que lutam por uma Angola mais justa e digna sejam silenciados”, afirmaram os subscritores do comunicado, exigindo “liberdade imediata para todos os presos políticos”.

CK

Radio Angola

Radio Angola aims to strengthen the capacity of civil society and promote nonviolent civic engagement in Angola and around the world. More at: http://www.friendsofangola.org

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