“O meu filho morreu vítima de assassinato da Polícia Nacional em pleno dia Independência Nacional” – recorda pai de Inocêncio Matos

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O pai do jovem Inocêncio Matos, morto durante a manifestação do dia 11 de Novembro do ano em curso, em Luanda, reiterou que, não tem dúvidas que o seu filho foi assassinado por agentes da Polícia Nacional e acusou o comandante da corporação da capital de ter “mentido sobre as reais causas da morte”.

Fonte: Rádio Angola

Falando aos presentes durante a cerimónia de homenagem promovida pela organização não-governamental Friends of Angola (FoA) aos activistas já falecidos, que durante a sua vida “lutaram pelos direitos humanos e bem-estar dos angolanos”, incluindo o jovem Inocêncio Matos, o seu progenitor Alfredo Matos disse que “faltou coerência por parte do comandante da Polícia em Luanda, Eduardo Cerqueira, que na sua visão mentiu sobre a morte do meu filho”.

No mesmo dia em que ocorreu a manifestação (11.11) e que resultou à morte de Inocêncio Matos, o responsável da polícia na capital do país, negou que uma pessoa tenha morrido durante os “confrontos” com jovens que se queriam manifestar, garantindo ter usado apenas meios não letais para obrigar ao cumprimento da lei.

Em declarações aos jornalistas, o comandante provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, disse na altura que o cidadão que tinha sido dado como morto estava internado no hospital Américo Boavida onde teria recebido o tratamento médico.

“Caiu quando fugia da acção policial no sentido de dispersar as pessoas. Nós estávamos a dispersar em dois sentidos, porque não deviam fazer ajuntamentos e porque estavam a fazer desacatos contra as autoridades públicas, arremessando objectos e cometendo uma série de actos que constituem prevaricação à lei”, justificou na ocasião aquela alta patente da Polícia Nacional.

Para o pai do jovem Inocêncio Matos, o seu filho morreu vítima de disparo de arma de fogo dos efectivos da ordem, tendo apelado à sociedade a ajudar “a família Inocêncio a encontrar a verdade material”.

“Estou muito triste, num momento como este em que está a ser homenageado Inocêncio Matos, que morreu em circunstâncias por esclarecer”, frisou Alfredo Matos, com o rosto carregado de tristeza, para quem “o meu filho morreu vítima de assassinato de agentes da Polícia Nacional, em pleno dia da Independência Nacional”.

No testemunho dado sobre a morte do filho no “complexo Jacaré”, local que acolheu o acto, o pai de Inocêncio Matos fez saber que, “no princípio eu tive um sentimento maligno, mas decidi vir a esta cerimónia de homenagem”.

Alfredo Matos aproveitou a ocasião para “apelar que não haja mais um único jovem, independentemente do seu credo religioso, da sua formação política, quem quer que seja, morra nas circunstâncias semelhantes à de Inocêncio Matos”, disse.

De realçar que no sábado, 12, a Friends of Angola (FoA), organização defensora de transparência e boa governação, no quadro da salvaguarda dos direitos humanos, homenageou vários activistas cívicos já falecidos, entre os quais Isaías Cassule, Alves Kamulingue, José Patrocínio, Carbono Casimiro, Inocêncio Matos e outros.

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