O estado desastroso das estradas entre Luanda e Kwanza Sul

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O mau estado da EN240, que liga Luanda aos municípios da Gabela e Kibala, na província angolana do Kwanza Sul, desincentiva investimentos e a produção agrícola na região.

O Governo angolano garante que está a trabalhar para a resolução do problema, mas os atrasos são visíveis. Utentes ouvidos pela DW dizem que têm o seu sustento comprometido, para além de avultados prejuízos.

Um dos cidadãos que sofrem com a situação é Joaquim Calumbo, produtor de batata rena e repolho. À DW, lamenta o mau estado da Estrada Nacional 240: “Segundo o ministro das Obras Públicas, essa estrada é economicamente muito importante, mas o que se vê é que não há vontade política de requalificar os 75km completamente degradados.”

Calumbo esperava do Governo, pelo menos, “algum trabalho paliativo”. Afinal, é por meio desta estrada que chega a Luanda uma considerável parte dos bens agrícolas consumidos na capital.

Adiamentos sucessivos das obras

A reabilitação da estrada deveria iniciar em meados deste ano, mas agora a previsão mais próxima é 2026. Vozes críticas dizem que o adiamento é um trunfo eleitoralista para o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), no âmbito das eleições gerais previstas para 2027. Joaquim Calumbo reage a essas suspeitas, sublinhando que as estradas “não pertencem” a nenhum partido.

Anacleto Lucas, um dos motoristas que transporta mercadoria entre Luanda e o Kwanza Sul, afirma que os problemas da intransitabilidade da EN240 não se limitam à dificuldade de escoamento dos produtos agrícolas: “Estamos a partir os amortecedores, estamos a rebentar pneus dos nossos camiões. E além deste material que se estraga, nós, os taxistas, também estamos a ficar sem forças”, afirma Lucas, lembrando que, no passado, a trajetória entre Gabela e Sumbe se fazia em 50 minutos. “Agora, estamos a fazer duas a três horas. É mesmo lastimável”, conclui.

Transportadores poderão suspender atividade

Yuri Silva, outro transportador ouvido pela DW, alerta que os transportadores poderão vir a paralisar a atividade se o Governo não fizer uma intervenção, mesmo que seja provisória.

 

“Estamos numa posição muita crítica, com muitos danos nas viaturas. Dificilmente terminas a semana sem partir uma mola”, denuncia. “Se não houver intervenção do Estado, vamos mesmo ter de paralisar o táxi, porque há um buraco enorme na via. Com a chegada da chuva, pode complicar ainda mais a situação”.

Governo pede “paciência”

O ministro das Obras Públicas, Carlos Santos, garante que a EN240 não foi esquecida pelo Governo.

Segundo o governante, já teriam sido contratadas duas empresas para trabalhar no troço: “Contratámos um consórcio de empresas. A estrada 240 é uma das nossas prioridades.”

O engenheiro Adriano Buando, que no passado participou da requalificação da estrada, revela que o maior problema da EN240 é o tráfego de veículos pesados, bem como a falta de manutenção periódica que deveria ser feita de seis em seis meses, mas não é.

“O tapete asfáltico precisa de manutenção regular, pois quanto maior for o trânsito, maior é o teor do aquecimento do asfalto, e isso, evidentemente, cria danos”, explica.

DW-África

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