Novo procurador do Moxico suspeito de desvio de fundos da escola enquanto gestor do Liceu Nova Vida em Luanda
O ex-director do Liceu Nova Vida 8054, em Luanda, João Tchivela, nomeado recentemente ao cargo de Procurador da Província do Moxico pelo Conselho Superior da Maguistratura do Ministério Público está a ser acusado de desvio de fundos e falsificação de cabimentações, que eram destinadas à referida instituição escolar.
Segundo a denúncia de professores, que proferiram anonimato, o então subdirector pedagógico do Liceu Nova Vida 8054, Bruno Dala foi supostamente afastado do cargo por ter descoberto um buraco de “descaminho de fundos da Escola” por parte de um grupo liderado pelo director João Tchivela.
O portal O Decreto avança que, diante das evidências, o grupo de professores moveu há cerca de cinco meses, um processo crime n.º 2877/024-12, no Serviço de Investigação Criminal (SIC), contra o antigo gestor do Liceu Nova Vida 8054, João Tchivela, agora Procurador colocado na província do Moxico com números 00.
A fonte detalha que, tudo começou quando o subdirector pedagógico, Bruno Dala – seu adjunto, teria questionado ao director da escola sobre as razões do antigo subdirector administrativo, Tito Sili continuava fazer uso regular do carimbo da escola, bem como fazer cabimentações, mas os adjuntos que estavam no exercício das funções não participavam da planificação.
Durante o exercício das suas funções, Bruno Dala notou que eram falsificadas as verbas cabimentadas à escola pública, pois sempre que Estado alocava dois milhões de kwanzas mensalmente “apenas traziam na escola compras equivalentes a duzentos mil kwanzas”, facto que terá despertado a curiosidades em querer saber sobre o real orçamento da instituição escolar.
“Seguidamente o subdirector Bruno Dala conseguiu um extrato de 15 milhões de kwanzas, referente ao ano de 2023”, revelou.
Lamenta o estado de degradação da escola com casas de banho fedorentas e falta de recursos de ensino, “quando na verdade o estado disponibiliza verbas, mas que são desviadas para fins pessoais, incorrendo assim no crime de corrupção activa”.
Na sequência das “descobertas do saque ao erário”, João Tchivela, a data dos factos director-geral do Liceu Nova Vida 8054, em Luanda, ameaçou o subdirector pedagógico de tudo fazer para propor a sua exoneração, já que, dizia “gozava de muita influência no Gabinete Provincial de Educação Luanda (GPEL)”.
Para concretizar o acto, segundo a denúncia, o mesmo reuniu com seus “amigos” do Gabinete Provincial de Educação para que, urgentemente elaborassem um plano para afastar o jovem professor Bruno Dala, do cargo de direção que exercia.
“Importa realçar que altura dos factos o antigo subdirector estava a organizar a escola e gozava de muita simpatia dos alunos e dos professores bem como da Repartição Municipal do Kilamba Kiaxi”, salientou.
Com a alegada cumplicidade de elementos do Gabinete Provincial de Educação de Luanda (GPEL) “simularam” um caso de assédio na escola, em que usaram um amigo que se fez passar como queixoso e membro da Comissão de Pais e Encarregados de Educação da Escola, com vista a concretizar o “plano macabro”.
Foi rapidamente instaurado um processo disciplinar, aproveitando-se da saída da directora do Gabinete Provincial da Educação, Philomene Carlos, que se encontrava ausente da instituição em tratamento médico.
A fonte descreve que, para confundir a opinião pública “simularam comissões de inquérito constituídas pela mesma cúpula, instrumentalizando algumas alunas a dramatizarem uma peça de assédio e juntaram mensagens editadas introduzindo palavras íntimas para convencerem a directora Provincial a afastar do cargo o professor Bruno Dala”.
“Tudo isso foi feito para proteger o banquete dos dinheiros orçamentados e dos valores de recurso próprio”, disse, acrescentando que “durante sete meses, não conseguiram provar actos de assédio imputados a Bruno Dala”.
Ressaltou que “para não passarem vergonha, visto que não conseguiram provar acusação e a comunidade escolar pedia relatório, produziram relatório sem a peça dos factos, sem que o acusado soubesse de quem se trata ou no mínimo tivesse havido acareação”.
“Ainda assim propuseram de forma arrogante desconto de 20,% do salário durante seis meses, ignorando os argumentos da defesa imposta pelos mandatários do acusado. Até agora o professor continua em casa, enquanto a cúpula continua com as maracutaias sobre o dinheiro da escola”, denúncia.
Para cobrir a vaga do director, que agora foi acolhido como procurador provincial do Moxico, mesmo com processo crime a decorrer, “com toda ignorância do Ministério da Educação, que não está interessado em matérias ligadas à corrupção, escandalosamente, o Gabinete Provincial da Educação nomeou para o cargo de director-geral do Liceu Nova Vida 8054, Niquissa dos Santos, que foi o instrutor do mesmo processo que culminou com o afastamento da direcção do subdirector pedagógico, Bruno Dala e a sua adjunta na instrução do mesmo processo, Elizabeth Joaquim Francisco foi elevada ao cargo de directora pedagogica”.
A nova direcção (director-geral, Niquissa dos Santos e a directora pedagógica, Elizabeth Joaquim Francisco) foi empossada na passada sexta-feira, 6, “clandestinamente, sem trocas de pastas, tendo invadido o gabinete pedagógico com seus pertences dentro”. “Afinal, quem protege os directores das escolas públicas que desviam verbas destinadas ao melhoramento da Escola?”, questionou.
“Pode um director com mau perfil ser nomeado a Procurador? Por quê razão o Ministério da Educação (MED) faz cobertura aos directores que desviam fundos das escolas?”, voltou a questionar, para quem “numa altura em que o combate a corrupção passou a ser como um hino nacional, há quem ousa em passar por cima de tudo e de todos”, sublinhou a fonte, referindo-se que “a sociedade angolana acompanhará com expectativa o desfecho deste caso, pois, ninguém é tão poderoso que não seja responsabilizado, nem tão frágil que não seja protegido”.
Fonte: O Decreto