Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwe considera “vergonhoso” e “evado de mentiras” comunicado da Polícia Nacional
A direcção do Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwe, considera “vergonhoso” e evado de “mentiras”, o comunicado da Polícia Nacional da Lunda-Norte, que dá conta que cerca de 300 elementos afectos ao movimento que reivindica autonomia da região leste do país, saiu às ruas de Cafunfo com armas de fogo do tipo AKM, caçadeiras, ferros, paus, armas brancas e pequenos engenhos explosivos artesanais.
Rádio Angola
Segundo a corporação, o “grupo de insurrectos” dirigiu-se às instalações da esquadra policial de Cafunfu, para a sua ocupação, com a pretensão de aposição de uma bandeira pertencente ao movimento do Protectorado.
Entretanto, o secretário-geral do movimento que convocou a manifestação que teria lugar no passado sábado, 30 de Janeiro, em toda a extensão do leste de Angola, disse que “a polícia na Lunda-Norte não está ao serviço do Estado, mas sim do governo sustentado pelo MPLA, por esta razão nunca defende o povo das Lundas”, frisou.
Fiel Muaco entende que o comunicado da polícia “visa tão somente lavar a imagem, tendo em conta que se tratava de uma manifestação meramente pacifica, e como a intenção era impedir a mesma, então já estão a manipular os factos com os argumentos forjados de que os membros do Protectorado saíram às ruas com armas, catanas, paus e outros meios, o que constitui pura mentira”, disse.
Aquele responsável lembrou que, não se trata de primeira manifestação realizada pelo Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwe. “Sempre dissemos e consta no nosso manifesto apresentado publicamente que, as nossas manifestações são pacificas e nunca protestamos com armas, facas ou outro tipo de objecto contundente”, esclareceu.
O porta-voz do Coamando-Geral da Polícia, Orlando Bernardo disse na noite deste sábado, 30, que o grupo em causa, tentou invadir a esquadra da Polícia na vila de Cafunfo, às 4 horas da manhã, com disparos que “atingiram um agente”, o que para a alta patente da corporação “já não se tratava de uma manifestação”.
O secretário-geral do Protectorado contrariou as acusações e defendeu-se dizendo que os pouco mais de duzentos manifestantes membros do seu movimento saíram às ruas de Cafunfo, às 7h00, de forma pacifica, com o objectivo de marchar nas principais artérias até à zona do tanque, local que fica no centro da vila diamantífera onde estava previsto o fim do protesto.
“Os mortos estão amontoados na morgue do Hospital Regional de Cafunfo”
A manifestação reprimida neste sábado, 30, pelas autoridades angolanas, segundo o secretário-geral do movimento que falou em dados provisórios, resultou em pelo menos 15 mortos e um número não calculado de civis feridos.
No comunicado distribuído à imprensa, a Polícia Nacional da Lunda-Norte descreveu que, em resposta à “tão evidente rebelião” e a tentativa de dispersar os manifestantes, “em legítima defesa”, resultou na morte de seis elementos e outros três feridos, “ligados ao referido movimento, sem estatuto legal, no quadro da legislação em vigor na República de Angola”.
Ao O Decreto, Fiel Muaco relatou que, ao longo da semana, as forças de defesa e segurança “já foram ameaçando as populações para que não participassem da manifestação do protectorado”.
Na descrição que faz a este portal, Muaco lamentou que, “tão logo os manifestantes começaram com o protesto às 7 horas, as forças repressivas do MPLA começaram com os tiroteios, dispersando as pessoas fazendo vítimas mortais entre os manifestantes num total de 15 até ao momento”.
Fontes do Hospital Regional de Cafunfo avançaram ao O Decreto que naquela unidade sanitária estão internados dez feridos graves e ligeiros, em consequência dos disparos de arma de fogo por parte dos efectivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) e das Forças Armadas Angolanas (FAA).
A fonte que acompanha de perto o evoluir da tensão no sector de Cafunfo, município do Cuango avançou por outro lado que, para se mantiver o número de seis mortos revelados no comunicado da polícia, outras vítimas mortais num total de seis foram dobradas em sacos para serem enterrados de forma clandestina nas matas de Cafunfo.
O secretário-geral do Movimento do Protectorado disse ainda que “várias pessoas continuam foragidas nas matas devido à perseguição das forças da ordem”.