Moto-taxista baleado por efectivo da polícia por negar dar boleia ao agente
Um moto-taxista identificado por João Fernando, 28 anos, está gravemente ferido na região bucal na sequência de um disparo de arma de fogo feito supostamente por um efectivo da Polícia Nacional, que segundo apurou O Decreto, pertencente à 44ª Esquadra, localizada no Distrito Urbano da Estalagem, município de Viana, em Luanda.
O incidente ocorreu no último sábado, 04, quando a vítima, proveniente da província do Huambo para trabalhos de moto-táxi na capital do país, teria “negado” em dar boleia ao agente da corporação, que diante da “recusa” sentiu-se “insatisfeito” e disparou contra a boca do jovem.
Testemunhas no local contaram que, o acto que chocou a comunidade, aconteceu numa das “placas” do chamado bairro dos “Seis Cajueiros”, em Viana, quando João Fernando, que há um ano procura por melhores condições de vida em Luanda, aguardava por passageiros na habitual paragem.
Ao O Decreto, os colegas que teriam presenciado o “triste sucedido” afirmaram que enquanto João Fernando esperar levar um dos passageiros apareceu perto da sua motorizada um agente fardado com uniforme da Polícia Nacional “solicitando boleia” à vítima, facto que não foi “aceitado” pelo moto-taxista.
Não vendo o seu pedido satisfeito, relatam as testemunhas, o presumível efectivo da Polícia de Ordem Pública, “sacou” da algibeira uma pistola do tipo Makarov e disparou à queima-roupa contra o motoqueiro, atingindo-o na região bucal causando, no entanto ferimentos graves.
O moto-taxista que ficou com os maxilares destruídos encontra-se internado entre a vida e a morte na sala de isolamento do Hospital Américo Boavida, onde teria sido socorrido.
Adelino Thilendele, pai do homem baleado lamenta o facto e descreve que, o seu filho, no dia do incidente, de acordo com os relatos apresentados pelos colegas, “estava com o seu amigo na paragem e atrás vinha um fiscal da Amotrang, que ao chegar ao local passou a conversar com os dois, tendo minutos depois aparecido no mesmo local o agente policial que pediu que fosse levado para a unidade ou noutro sítio, mas o meu filho não aceitou”.
Não aceitando o pedido do polícia, continuou o pai da vítima, este o obrigou que encostasse a motorizada de lado e apresentasse a sua documentação.
Segundo o pai, João Fernando tentou encostar bem a motorizada, mas o agente da polícia “agarrou-o na camisa pelas costas, ocasião em que tirou a pistola e disparou na boca do meu filho quebrando os maxilares superiores e inferiores”, lamentou.
A família da vítima que clama por justiça, diz existir uma “clara intenção” da polícia da 44ª Esquadra de “querer escamotear a verdade dos factos para não apoiar a vítima e ser responsabilizado o infractor”.
“Será que os agentes da polícia têm assim tanta vontade de matar nos últimos dias porque não combateram na guerra?”, questionou o pai de João Fernando, para quem os novos agentes com apenas três ou menos anos de formação deveriam trabalhar sem armas de fogo.
Os moto-taxistas (kupapatas) afirmam que os excessos dos agentes da farda azul têm sido frequentes nesta zona dos “Seis Cajueiros” e lamentam que, os fiscais da Associação dos Motoqueiros de Angola (Amotrang) “preferem colaborar com os agentes da polícia e não com os associados”.
Este portal sabe que o agente em causa já está a contas com a justiça, cenário em que os familiares do jovem baleado manifestam sentimento de revolta e exigem que o implicado seja responsabilizado civil e criminalmente.