Moradores do Condomínio Santa Isabel acusam agentes da Polícia Nacional do Zango de transgressões
Os moradores do Condomínio Santa Isabel, localizado no Zango, município do Calumbo, província do Icolo e Bengo, voltaram a denunciar uma série de supostas transgressões cometidas por efectivos da Polícia Nacional afectos àquela circunscrição na província do Icolo e Bengo.
Os mais de 12 famílias residentes no local contaram que, a presença frequente de agentes policiais, bem como a retirada constante da empresa de segurança privada que presta serviço ao condomínio, tem criado um clima de instabilidade e insegurança entre os moradores.
Em declarações à imprensa nesta terça-feira, 2, a responsável pelo condomínio, Edna Manuel, afirmou que a situação tem sido motivo de grande desconforto, não apenas para os residentes, mas também para si, enquanto proprietária do espaço.
De acordo com Edna, após uma segunda acção judicial movida pelo advogado Almeida Canga, contra o condomínio, foi interposto um recurso junto da 3.ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda (TPL), onde a providência cautelar apresentada teria sido considerada nula. No entanto, apesar da decisão judicial, o conflito manteve-se.
“Mesmo assim, não satisfeitos, o comandante Paulo de Almeida não aparece directamente, mas atua através do seu advogado, Almeida Canga, juntamente com o comandante do Zango 0, conhecido por senhor Meracami, e o comandante do Zango 1, senhor Elias”, afirmou.
A responsável denunciou ainda que, na noite anterior, elementos ligados aos comandantes mencionados voltaram a retirar a segurança do condomínio, apesar de ter exibido documentos judiciais que, segundo disse, lhe garantem o direito à posse do espaço.
“Pensámos que tudo tivesse terminado, mas hoje, mesmo depois de colocarem a segurança para fora, voltaram a entrar e prenderam cinco dos nossos rapazes, levando-os para a esquadra do Zango 1. Estão a ser agredidos, mas eu não tenho conhecimento oficial desta ação”, denunciou.
Edna Manuel acusa o comandante Paulo de Almeida de desrespeitar as decisões judiciais e de, alegadamente, utilizar antigos e atuais colegas para exercer pressão sobre o condomínio.
Segundo a senhora que alega ser proprietária do espaço, onde foi erguido o referido condomínio, a empresa de segurança privada que se encontra no local estaria ligada ao referido comandante e não possuiria qualquer documento legal que justificasse a sua presença.
“Essa mesma segurança já baleou um morador aqui dentro. Os cidadãos estão com medo, porque esses seguranças disparam de forma anárquica”, acrescentou.
A gestora levantou ainda a hipótese de que o interesse pelo terreno esteja relacionado com a possível existência de bens armazenados no subsolo do condomínio.
“Acreditamos que no subsolo existam coisas guardadas. Porque, se fosse apenas pelo terreno, o comandante tem vários em outros locais. Mas a disputa é só aqui no Zango 0”, disse.
Edna Manuel referiu também que Paulo de Almeida estaria na posse de um documento que o autoriza a ocupar apenas cinco hectares, enquanto a área total do terreno corresponde a 12 hectares.

Por seu turno, a moradora Iracelma Pereira confirmou o clima de insegurança que se vive no local. “Nós aqui no condomínio não estamos a viver bem. Já são três ou quatro vezes que acontecem invasões deste tipo”, lamentou.
Ainda de acordo com a denúncia, na noite de terça-feira, dia 2, efetivos da Polícia Nacional regressaram ao condomínio, por volta das 21 horas, tendo supostamente feito ameaças e perseguido a responsável do espaço, que se viu obrigada a saltar o muro do quintal para se proteger, sob vigilância de seguranças. A situação terá durado até cerca das 23 horas.
Até ao fecho desta matéria, a Polícia Nacional no Zango, no município do Calumbo, província do Icolo e Bengo, não se pronunciou oficialmente sobre as acusações.

