Militares das FAA matam a tiro cidadão de 38 anos no município do Cuango

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Prevalecem os assassinatos de civis nas zonas de exploração de diamantes, por parte dos órgãos de defesa e segurança. Desta vez, a vítima foi um cidadão de 38 anos, que em vida respondia pelo de Eduardo Muaquixi, conhecido igualmente por “Edu”, baleado mortalmente por supostos militares afectos à unidade dos comandos “boinas vermelhas”, envolvidos na “operação transparência”.

Jordan Muacabinza | Cuango

Relatos colhidos local do incidente revelam que, por volta das 00horas, do dia 22 do mês em curso, um grupo de mergulhadores que praticavam actividades de garimpo numa “ilhota do rio Cuango” que dista a pouco mais de 700 metros do bairro Ngongassuari, foi surpreendido com tiros a queima-roupa por militares de “Comandos Especiais” que estão envolvidos na “Operação Transparência” e atingiram mortalmente na zona do tórax Eduardo Muaquixi  (Edu), natural da Comuna do Luremo.

Segundo familiares da vítima, Eduardo Muaquixi deslocou-se às margens do rio Cuango com o propósito de procurar o sustento da família com a prática de garimpo, já que o desemprego na região é cada vez mais elevado, pelo que, a única forma que os populares encontram é a exploração artesanal de diamantes.

De acordo com dados avançados à Rádio Angola, o grupo era constituído por sete elementos (mergulhadores) quando na noite de sexta-feira, 20, se dirigiram ao local de exploração: “Tinham mais de 15 motores de casabula, quando foram abordados na noite de domingo com vários tiros, como que de guerra se tratasse”, disse João Mandume Camoxi, irmão do malogrado.

Os familiares tomaram conhecimento da morte de Eduardo Muaquixi logo nas primeiras horas de domingo, 22/09, tendo se deslocado no terreno onde encontraram a informação de que os agentes da Polícia Nacional já tinham removido o cadáver.

Postos na morgue do Hospital Municipal do Cuango no antigo bairro Samuamba, a quatro quilómetros da sede do município, “observamos que ele foi atingido no peito e morreu no local”, contou outro familiar, acrescentando que a Polícia Nacional “ofereceu à família da vítima 10 mil Kwanzas para o aluguer de uma viatura que transportou os restos mortais do nosso irmão até à casa”.

Devido à falta de condições financeiras para a realização do funeral, os familiares recorreram à corporação junto do Comando Municipal da Polícia Nacional, com o objectivo de conseguirem o caixão para o enterro, mas lamentam que não terem recebido qualquer apoio.

Como alternativa, os familiares tiveram que “fabricar” um caixão improvisado: “Quando tentamos meter o cadáver na caixa, as madeiras começaram a partir, então, tivemos a amarrá-la com cordas de lençol, pois o corpo já estavam quase em estado de decomposição”.

Com o cadáver nos ombros, os familiares e demais membros da comunidade, foram até ao Comando da Polícia para exigir o caixão, mas contaram à Rádio Angola que foram “respondidos com tiros dos agentes policiais” por volta das 13h00 do dia 23, “e saímos lá todos dispersos”, disse João Mandume Comoxi, irmão da vítima.

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