Mais de um milhão e trezentas mil crianças fora do sistema de ensino angolano
Por VOA
Arrancou mais um ano lectivo no ensino geral em Angola e segundo dados do ministério da educação mais de um milhão e trezentas mil crianças ficaram de fora do sistema de ensino em todo país.
Para cobrir este défice o sector necessita de 6.000 novas escolas e 40.000 novos professores.
O jurista Pedro Caparakata interroga que tendo em conta os anos passados “quantos milhões de crianças terão ficado excluídas do sistema?”.
Caparakata diz que a exclusão de crianças do sistema de ensino acontece por toda a Africa e é um meio das elites governamentais permanecerem no poder.
“Enquanto milhões de crianças ficam de fora do sistema de ensino, os seus filhos vão para as melhores escolas e universidades para assegurarem a continuidade do poder, a perpetuação do poder de pais para filhos, netos por serem os únicos com a possibilidade de estudarem”, disse.
O sociólogo João Sassando disse que se está a criar “um batalhão de indivíduos que no futuro não terá capacidade de aceder a bens, serviços e oportunidades disponíveis na sociedade e teremos lá mais à frente uma sociedade de idosos sem descontar para a segurança social porque não tiveram capacidade de serem contribuintes por falta de uma formação técnica ou profissional”.
“Teremos seguramente um estado caótico”, disse.
O escritor e jornalista autor do livro “Pobreza – O epicentro da exploração das crianças em Angola” Fernando Guelengue afirmou por seu turno que “ao deixar de fora da escola milhões de crianças (o estado) vai despoletar uma série de problemas sociais desde crianças que vão para a zunga ou venda ambulante, para a prostituição, começam a praticar outros actos criminais”.
“O estado por sua vez vai atribuir estes males aos pais e encarregados de educação quando na verdade a culpa é do estado que não providenciou condições para primeiro dar lugares de lazer para a criança e na idade escolar entrar para o sistema escolar, sejam escolas publicas como comparticipadas”, acrescentou