M23 rejeita participar em negociações em Angola e diz que não recebeu notificação

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Goma — A Aliança Fleuve Congo (AFC/M23) anunciou hoje que não aceitará a proposta de negociações mediadas por Angola e apresentou uma série de contra-propostas em relação à situação política na República Democrática do Congo (RDC). O movimento rebelde, que controla partes da região leste do país, expressou insatisfação com o governo de Félix Tshisekedi, alegando que as tentativas de diálogo têm sido infrutíferas devido à falta de comprometimento do regime de Kinshasa.

Fonte: Club-k.net

Num comunicado oficial divulgado esta quinta-feira, o M23 destacou que não existe solução militar para os conflitos que assolam a RDC e que a única forma de alcançar a paz duradoura seria por meio de negociações diretas e incondicionais com a sua organização. O movimento rebelde também criticou o governo de Tshisekedi pela sua recusa persistente em dialogar, relembrando declarações do porta-voz do governo, Patrick Muyaya, que afirmou recentemente que o governo da RDC não negociaria com o M23.

 

A AFC/M23 indicou que as negociações propostas pelo governo de Angola, mediador das conversações, são vistas com ceticismo, pois o grupo ainda não recebeu notificações formais sobre os termos da iniciativa, apenas uma declaração publicada na página do Facebook da Presidência Angolana. Além disso, o movimento exige compromissos claros por parte do presidente Tshisekedi, incluindo uma declaração pública e inequívoca de que o governo está pronto para negociar diretamente com a organização.

 

Outro ponto crucial levantado pelo M23 foi o cumprimento das resoluções adotadas pela SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e a EAC (Comunidade da África Oriental), que, segundo o movimento, ainda não foram implementadas. O M23 considera que o não cumprimento das decisões das cúpulas regionais agrava a crise e torna os esforços de paz ainda mais desafiadores.

 

Em meio a estas tensões, o M23 reafirma o seu compromisso com uma solução pacífica para a crise, mas com a condição de que as negociações sejam diretas, claras e sem imposições externas. O movimento também pediu que a equipe de mediação angolana apresente respostas claras e transparentes sobre as propostas de paz.

 

Este impasse coloca Angola, como mediadora, numa posição delicada, já que a possibilidade de um diálogo entre o governo congolês e o M23 parece cada vez mais distante, devido à desconfiança mútua. Enquanto isso, a comunidade internacional observa atentamente os próximos passos da mediação, temendo que a falta de consenso leve à intensificação da violência na região, que já enfrenta uma crise humanitária significativa.

 

O futuro das negociações de paz no Congo agora depende de uma resposta firme e decisiva de todas as partes envolvidas, especialmente do governo de Kinshasa, que enfrenta pressões tanto internas quanto externas para resolver a crise no leste do país.

 

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