Luanda: Trabalhadores da TRANSFUEL denunciam despedimentos injustos sem aviso prévio
São 30 trabalhadores da empresa TRANSFUEL, prestadora de serviço à Pumangol no município de Viana, no transporte de combustíveis e seus derivados de Luanda às demais províncias do país, que denunciam despedimentos colectivos sem justa causa e sem indemnização pela entidade patronal, cuja medida não teve aviso prévio.
A empresa liderada por António Alexandre Pereira, português de nacionalidade, segundo os trabalhadores, notificou a agência bancária Caixa Angola, onde eram depositados os salários, informando que optou pela extinção dos postos de trabalho por alegada falência da empresa, numa altura em que os trabalhadores visados tinham créditos por liquidar.
Em conferência de imprensa nesta quinta-feira, na Casa da Juventude, em Viana, o porta-voz do grupo despedido, Jeremias Diogo, contou que, para a sua surpresa, a empresa TRANSFUEL, que justificou ao banco o despedimento dos 30 trabalhadores com suposta “falência da empresa”, abriu um novo processo para admissão de outros trabalhadores com vista a substituir o grupo afastado.
Na denúncia, Geremias Diogo descreveu que no dia 31 de Outubro de 2024, os trabalhadores receberam a informação de que tinham de ir para casa porque já não eram funcionários daquela empresa sem um aviso.
O porta-voz do grupo agora desempregado assinalou que explica que foi humilhado pela responsável dos Recursos Humanos (HR), ladeados pelos cães como forma de forçar a sua retirada no recinto da empresa.
Aflitos contactaram um advogado que tem tudo feito para a resolução do problema. Após várias diligências feitas pelo advogado das vítimas, os trabalhadores dizem ter encontrado um milhão de kwanzas nas suas contas domiciliadas no Banco Caixa Angola, onde têm crédito por pagar.
“Os meus colegas actuamente como alternativa, muitos deles com meios de transportes pessoais tem se dedicado ao trabalho de táxi nos tempos livres e para quem não tem vê-se obrigado de pensar o que fazer para manter as despesas em dia em casa numa fase que as quadras festivais estão as portas”, revelou.
Os ex-trabalhadores, que clamam por justiça, falam em má-fé e retaliação por parte da direcção da instituição, devido à greve, que foi despoletada no passado, que entre outras reclamações exigia o reajuste do salário e melhores condições laborais.
Aumento de salário que não beneficiou trabalhadores
Em 2014, de acordo com documentos em posse do Club-K, houve revisão na tabela salarial que determinou o aumento dos salários, documento que tinha sido assinado pelo então director-geral da TRANSFUEL, Emílio Costa, cujos valores nunca chegaram às mãos dos destinatários.
No documento pode ler-se: “Com base na sua última avaliação de desempenho, decidimos atribuir-lhe um aumento salarial que corresponderá a um salário bruto de USD 7.385, com data efectiva a partir de 01 de Janeiro de 2015. Este merecido aumento salarial é fruto do seu trabalho árduo e dedicação”, lê-se.
O mesmo documento reforçou que “a TRANSFUEL está comprometida em manter os seus colaboradores motivados e acreditamos que isto lhe dará o incentivo para um desempenho ainda melhor. As suas realizações têm sido parte integrante do nosso sucesso, pelo que agradecemos profundamente”, finalizou.
O Club-K deslocou-se na manhã de sexta-feira, 29, às instalações da TRANSFUEL, em Viana, no sentido de ouvir a versão da entidade patronal. No local, a nossa reportagem foi atendida pelo corpo de segurança da empresa.
A direcção da empresa enviou um dos funcionários, que não aceitou se identificar, mas fontes deste portal, revelou que, se tratou de Luís Vicente, chefe do departamento de Segurança e Higiene no Trabalho, que alegou que não tinha autorização para falar sobre o assunto aos órgãos de comunicação social nem ser filmado ou fotografado pela imprensa.
O mesmo funcionário disse ainda que a direcção da TRANSFUEL não funcionava nas instalações próximo à “ponte do 25”, na via expressa.
O processo de despedimento dos 30 trabalhadores foi instaurado pelos Recursos Humanos, que tem como responsável Josina Amado, com o suporte de Tchissola Afonso, técnico dos Recursos Humanos.
CK