Justiça espanhola identifica angolanos envolvidos em caso de corrupção
Três destacadas figuras angolanas foram oficialmente identificadas em Espanha, como tendo sido os receptores de subornos por parte da companhia espanhola de armas Defex.
Na semana passada, a procuradoria fiscal espanhola deu a conhecer a sua acusação formal contra 27 pessoas acusadas de diversos crimes de corrupção envolvendo a venda de material à Polícia Nacional (PN) de Angola pela Defex.
A acusação de 237 páginas afirma que, entre os angolanos que receberam
A acusação detalha que a companhia tinha um sistema de “cestas de Natal” para os angolanos, divididas nas categorias de “Superplatina”, “Platina”, “Ouro” e “Bronze”, que se assume eram distribuídas de acordo com a categoria do funcionário angolano.
Cestos e “gestos de cortesia”
Um dos documentos incluído na acusação detalha que foram gastos 482.500 euros em 60 cestas, ou seja pouco mais de oito mil euros cada e que se presume sejam “Superplatina”.
Entre os destinatários, contam-se as três figuras angolanas anteriormente citadas.
No total, foram gastos 2,5 milhões de euros entre 2008 e 2012 para a compra das cestas.
O documento detalha também que foram pagos “gastos de hotelaria, viagens e contribuições em dinheiro de 500 a 600 euros semanais a funcionários angolanos em Espanha”.
A Defex, segundo os documentos da justiça, pagou também uma operação cirúrgica à mulher do comissário nacional da PN Ambrósio de Lemos para remover cataratas que resultaram “num desembolso de 18.500 euros”.
Um jornal espanhol diz que Ambrósio de Lemos considerou isso como “um gesto de cortesia, tendo em conta as relações que existiam”.
A acusação afirma que foi feita uma transferência de 265.561 euros em nome do general, mas Lemos afirma nada saber sobre isso.
Penas de até 50 anos de prisão
A procuradoria fiscal de Espanha pediu penas de até 50 anos de prisão para diversas entidades do país, envolvidas num caso de suborno e corrupção na venda de material à policia angolana.
Um total de 27 pessoas estão implicadas no caso que, segundo a procuradoria, envolveu subornos de mais de seis milhões de euros a entidades angolanas para a assinatura do contrato em 2008.
O contrato envolvia a venda de material à polícia angolana no valor de 152,9 milhões de euros, mas dessa quantia pouco mais de 59 milhões foram verdadeiramente usados para a compra do material.
O restante, diz a acusação, pouco menos de 93,8 milhões, foram usados para beneficio das empresas envolvidas e para pagar subornos e comissões.