IURD fala em “perseguição religiosa” suspensão de emissões da FÉTv pelo Governo angolano

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A Igreja Universal do Reino de Deus em Angola anunciou que os programas de evangelização que eram transmitidos em duas plataformas de televisão por cabo foram suspensos pelo Governo de Angola sem prévia notificação à liderança.

Num comunicado assinado pelo bispo António Ferraz, líder da ala brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, não reconhecida pelo Governo angolano, a igreja diz ter tido conhecimento de uma nota do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (Minttics), datada de 10 de junho, solicitando a suspensão imediata das emissões do programa FÉTv, transmitido nas plataformas Multichoice (DSTv) e TV Cabo.

“Os programas da IURD foram suspensos, sem nenhuma prévia notificação, privando desta forma milhares de lares da programação da Igreja, além da total falta de fundamentação para o referido ato”, salienta o documento.

A IURD diz ainda que “a rebelião sem precedentes” que se instalou em 2019, e levou à separação em duas alas, apresentando-se ambas com a mesma designação, “tem afligido os milhares de fiéis de Cabinda ao Cunene, sendo esse mais um golpe desumano e brutal contra as centenas de missionários, milhares de obreiros, jovens e simpatizantes da igreja por toda a Angola”.

Promete também continuar em busca da restituição da legalidade, sem detalhar quais as ações subsequentes.

Liderança da IURD não foi avisada

Falando à Rádio Angola (áudio acima), o pastor Olívio Alberto disse que a igreja não foi notificada e foi surpreendida com a retirada do programa, já que o Minttics comunicou a suspensão diretamente aos operadores.

No ofício dirigido às plataformas de televisão, a que a Lusa teve acesso, o Minttics ordena a “suspensão imediata” do canal na sequência de um protesto apresentado pelo bispo Valente Bizerra Luís (líder da ala reformista), “segundo o qual, os produtores dos conteúdos atuais deste canal, não representam a Igreja Universal”.

Olívio Alberto fala de “perseguição religiosa”, já que os representantes da IURD foram absolvidos de vários crimes de que eram acusados e questiona: “onde está o documento legal que atesta o sr. Valente Bizerra como líder da Igreja Universal?”.

Entenda o caso

Em abril do ano passado, o Minttics suspendeu as licenças de três canais de televisão, entre as quais a Record TV Africa, ligada à igreja fundada pelo brasileiro Edir Macedo, alegando inconformidades legais.

A Record TV tinha exibido diversas reportagens desfavoráveis ao Governo de Angola, afirmando que os brasileiros eram vítimas de xenofobia no país.

A IURD (ala brasileira) alega ser reconhecida em Angola desde 1992 e ter o bispo António Miguel Ferraz como seu legítimo representante, eleito em assembleia geral.

No entanto, o Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR) não reconhece esta ala, tendo antes legitimado a liderança do bispo Valente Bizerra Luís, que coordenava a comissão de reforma que entrou em conflito com a direção brasileira da IURD em 2019.

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola queixa-se de ter sido “impedida” pelo Governo de Luanda de realizar no domingo um “clamor pelas famílias ao pé da cruz”, apesar de ter comunicado às autoridades.

Radio Angola

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