Independentistas de Cabinda pedem ajuda a Portugal para libertar polícias angolanos
Luanda – Os independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), apelaram hoje à “intervenção” do embaixador de Portugal em Luanda, para proceder ao “resgate incondicional” de quatro agentes da Polícia Nacional de Angola, em cativeiro desde maio.
Fonte: Lusa
A informação consta de um comunicado do autodesignado comando militar das Forças Armadas de Cabinda (FAC), referindo-se à situação de quatro alegados agentes da Polícia Nacional angolana, que aquela força rebelde diz ter como reféns desde 15 de maio.
A FLEC-FAC chegou a apresentar imagens dos agentes, fardados, mas a veracidade deste caso sempre foi negada pelas autoridades angolanas.
“Um dos quatro prisioneiros de guerra desprezados e abandonados pelo seu governo, proveniente da província angolana do Uíge, encontra-se gravemente doente. Assim, e porque consideramos que na guerra continuam a existir razões humanitárias, solicitamos a intervenção de S. Ex.ª o embaixador de Portugal em Luanda, para procedermos à sua libertação”, refere o comunicado de hoje.
Os independentistas de Cabinda já tinham divulgado no final de maio a intenção de libertarem estes alegados agentes da Polícia Nacional, “capturados na emboscada da FLEC-FAC”, nas matas do município do Buco-Zau, naquele enclave.
No comunicado de hoje, aquele braço armado reitera que a segurança do embaixador – no comunicado surge identificado um anterior embaixador em Luanda – será “integralmente assegurada” pela FLEC.
Aqueles independentistas chegaram a divulgar várias fotografias e vídeos dos alegados agentes da Polícia Nacional de Angola que garantem ter como reféns.
As imagens, sobre as quais não foi possível atestar a sua autenticidade, mostram quatro presumíveis agentes da polícia, por estarem fardados, escoltados por alegados membros das FAC, sob ameaça de arma de fogo.
A 17 de maio, dois dias após o anúncio do sequestro, o comando-geral da Polícia Nacional de Angola negou a veracidade do mesmo, considerando-o “uma manobra” para “chamar a atenção”.
“Isso não é verdade e é mais uma manobra de diversão para chamar a atenção. Não há nada de concreto em relação a isso. Não temos nenhuma informação que nos leva a acreditar nisso, até porque em conversa com o comandante de Cabinda e outras entidades locais não se confirma”, afirmou à Lusa o porta-voz do comando-geral da Polícia Nacional de Angola, Orlando Bernardo.
A organização independentista recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num “protetorado português”, o que está na base da luta pela independência do território.
O enclave de Cabinda, no ‘onshore’ e ‘offshore’, garante uma parte substancial da produção total de petróleo por Angola, atualmente superior a 1,6 milhões de barris por dia.
Desde 2016, quando retomou a luta armada, a FLEC-FAC já reivindicou dezenas de ataques mortais a militares das FAA, cuja autenticidade é negada pelo Governo, forças de segurança e forças armadas angolanas.