Hospital Regional de Cafunfo acusado de proibir entrada de frutas com casca
A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e económicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, bem como permitir o acesso universal e igualitário às acções, e serviços para sua promoção, protecção e recuperação.
Jordan Muacabinza | Cafunfo
Fonte: Rádio Angola
Comparativamente sobre a introdução, uma Constituição é um contrato entre o Estado e a sociedade. Uma Constituição é tanto Constituição política quanto Constituição social, é o documento que ordena a vida estatal ela envolve a problemática do estado em geral bem como o estado como comunidade política. Regula a cidadania, o poder político e as funções, órgãos e atos do estado.
Para a Organização Mundial da Saúde, o conceito de saúde é o completo bem-estar físico, mental e social. Combinado o conceito de saúde com as regras constitucionais, tem-se a proteção da saúde pela Carta de Direitos máxima dos países.
Mas para se chegar a essas conquistas um longo caminho a humanidade teve que percorrer. A dignidade do ser humano é preocupação desde o início da sociedade. Um fato paradigmático que aconteceu na história foi a Declaração Universal que representou um sistema de impulso fundamental da conduta humana. Foi livre e claramente aceito, através dos governos e pelo grupo preponderante dos homens que vive no planeta Terra.
A morte de crianças e adultos a um ritmo elevado é a incapacidade dos hospitais, e das unidades de saúde são o pior exemplo da tragédia humanitária que assola o município do Cuango e em particularmente a vila de Cafunfo.
Estamos perante um mero falhanço de políticas públicas, de incompetência governamental ou de falta de meios. Estamos perante um dos mais graves atentados aos direitos humanos perpetrados em Angola.
No dia 22 de Junho de 2021, depois de uma visita de rotina no hospital regional de Cafunfo-Cuango, logo na porta principal, no portão tinha dois efectivos da segurança privada, que estão ai para manter a ordem e cumprir orientação da direcção do hospital.
Um dos agentes de segurança interpelou uma senhora identificada por Linda Paulo, 40 anos, que transportava consigo duas bananas, para o seu pequeno filho de dois anos, que se encontra internado no Hospital Regional de Cafunfo, internado na sala B concretamente na Pediatria.
A senhora foi impedida pela segurança de entrar com bananas com respectivas cascas, mas sim tinha que ser cascada só assim poderia entrar no hospital, “porque assim fomos orientados pela direção do hospital”, afirmou o segurança.
Entretanto, a Rádio Angola tentou ouvir alguns enfermeiros no hospital local, estes disseram que desconhecem tal orientação.
Alguns activistas dos direitos humanos na região condenaram o acto, tendo se deslocado até ao referido Hospital Regional de Cafunfo, para, junto da direcção da mesma unidade sanitária para saber da realidade dos factos.
Os activistas dizem não terem recebido qualquer resposta do hospital, pelo que tiveram que chamar a Polícia Nacional, que esteve no local a fim de constatar essa incrível realidade.
Julieta Simão Ngambo, que se encontra no Banco de Urgência, disse à Rádio Angola que essas práticas têm sido constantes aqui no Hospital Regional de Cafunfo. “Aqui podes vir com bananas, gingumba, ou seja, qualquer tipo de fruta que contem cascas somos obrigados pelos seguranças a cascá-las”.
Os utentes lamentam que “logo à entrada do hospital não tem balde de água pata a higienização das mãos, logo alguém que foi ao mercado a fim de comprar uma fruta para paciente, e no regresso ao hospital, onde devia ter mais cuidados em obrigar as pessoas, isto é, pacientes a lavar frequentemente as mãos, o que não acontece, e logo manda cascar a banana sem ter lavado as mãos”.
Falta de medidas de biossegurança no hospital
A biossegurança é um assunto que, cada dia mais, deve ser incluído na pauta dos directores de hospitais e clínicas. Afinal, trata-se de um conjunto de práticas que reduz os riscos biológicos que, naturalmente, estão relacionados com a rotina hospitalar. Essas ameaças invisíveis podem estar ligadas a diversos factores.
A biossegurança hospitalar actua em diferentes áreas, prezando por práticas que ajudam a controlar possíveis ameaças, juntamente à divulgação de informações e instruções de execução.
Riscos biológicos
São os agentes biológicos que representam riscos à saúde, como vírus, fungos, bactérias e parasitas de todo tipo. As fontes variam, mas geralmente são contraídas e “passadas” através do contato de mãos com olhos ou boca, bem como através de feridas na pele, será que a tal pessoa que importa a banana e que foi submetida a cascar a banana lavou as mãos, é saudável, que garantia esta pessoa não importa se pai, mãe, ou seja, irmã que casca a banana e leva ao paciente está protegida? Questiona.
A importância das frutas na alimentação
A fruta é peça fundamental numa alimentação saudável e devem ser consumidas diariamente. Elas fornecem vitaminas, minerais, diferentes fibras alimentares, compostos protectores que ajudam a regular o organismo e antioxidantes que são nutrientes essenciais na protecção das células.
Em conjunto, estes nutrientes têm propriedades protectoras que fazem das frutas um alimento vital. Ter uma alimentação saudável, onde as frutas estejam presentes é de extrema importância para que o organismo seja capaz de defender-se de doenças.
Cada fruta é uma fonte de nutrientes que não deve ser esquecido. Entretanto, Deve-se consumir entre três a cinco porções de fruta por dia, dependendo das necessidades de cada pessoa. A ingestão de vitaminas e de outros nutrientes faz com que o organismo esteja protegido por uma espécie de escudo protector.
De acordo com vários pacientes ouvidos, se o Hospital Regional de Cafunfo proíbe a entrada de fruta, deve sim criar refeitório permanente para estar a oferecer alimentos saudáveis aos pacientes internados, e não só, o que todos sabemos é que quando se proíbem a entrada de alimentos ou frutas tem de haver um especialista nutricionista que estará a examinar que tipo de alimento estaria a entrar do hospital, por falta de refeitório e nutricionistas especializados no hospital obrigado qualquer família a levar alimentos ou frutas do gosto do paciente internado.
Para os habitantes da vila mineira de Cafunfo, em declarações à Rádio Angola, no tempo em que a Endiama-Empresa Publica (E.P) esteve a explorar diamantes, nesse hospital existia um cardápio, que era oferecido aos pacientes conforme a prescrição médica explica.
“Nesse momento, o hospital cheira muito mal, e as casas de banho não têm as mínimas condições de higiene, como é possível a direcção do hospital vai proibir a entrada de fruta como banana fora da sua casca?”, questionam.
Direcção do hospital desconhece orientação
Em reacção, o director-geral do Hospital Regional de Cafunfo-Cuango, Jose Makuta Iko, disse desconhecer qualquer orientação neste sentido, uma vez que, quando tal facto sucedeu não se encontrava na instituição nem no sector de Cafunfo, estava no Dundo.
Segundo o gestor, depois de apurar os factos, constatou-se que a proibição teria partido do seu colega dos serviços gerais, que tinha encontrado várias cascas de banana e ginguba nas salas de internamento, para além das sanitas completamente sujas.
“Foi com essa iniciativa do colega que teria orientado a segurança a proibir os familiares de pacientes internados afim de não entrar com banana, ginguba com suas respectivas cascas no hospital de modo a manter a higiene no local”, explicou.
José Makuta Iko, que reconhece a falha, afirmou que “a banana sendo uma fruta, não pode ser proibida de entrar no hospital fora da sua casca, porque é a casca que protege a fruta, por isso, essa atitude não é adequada, e universalmente qualquer paciente necessita de comer frutas e como no caso da banana, essa hipótese não é da direcção regional do hospital”.
A população aproveitaram os microfones da Rádio Angola para apelar aos órgãos de direito a colocarem mais médicos infecciologistas e nutricionista, com vista a se avaliar e aplicar medidas correctas no sentido de se evitar situações do género voltem a acontecer.