Homem de 43 anos assassinado por agente de segurança privada no município do Cuango

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Fernando Inácio, 43 anos de idade, segundo os familiares, foi morto a tiro no sábado, 11 deste mês por um dos seguranças de uma empresa privada denominada por “Mosquitos”.

Rádio Angola/O Decreto

Este porta apurou de fonte segura que, “Mosquitos”, a empresa em causa, cujo um dos seus efectivos atingiu mortalmente contra o garimpeiro tem como dono o Delegado do Ministério do Interior e Comandante Provincial da Polícia Nacional na Lunda-Norte.

Para cuidar dos seus interesses na exploração de diamantes no município do Cuango, mais concretamente no sector de Cafunfo, a empresa “Mosquitos” é dirigida por um 2º Sargento da Polícia Nacional, identificado por Ngangula, que ao mesmo tempo é o director e proprietário do “Projecto Agricultura Samuel”.

Este projecto, segundo um dos agentes da polícia que falou sob anonimato, acolhe o “Centro de Formação de Segurança Privada Samuel A.D.M”, localizado a mais de 12 quilómetros da Vila Mineira de Cafunfo.

O empresário angolano Santos Bikuku é tido como responsável da Cooperativa diamantífera que é protegida pela empresa privada denominada “Mosquitos”.

A Amnistia Internacional publicou na última semana um relatório onde denuncia assassinatos de dezenas de pessoas por forças de segurança em 2019 nas províncias das Lundas Norte e Sul.

O activista cívico Jordan Muacabinza, defensor dos Direitos Humanos considera que, a província da Lunda-Norte “está transformada num laboratório da morte”, em que se tornou numa pratica normal as torturas e assassinatos de cidadãos pelos órgãos de defesa e segurança do Estado Angolano, bem como pelos agentes de segurança de empresas privadas.

“Em pleno momento de paz e com um novo paradigma, os cidadãos na Lunda-norte continuam a ser mortos nas zonas de exploração de diamantes como na era de José Eduardo dos Santos”, disse o activista.

Sobre o assassinato a tiro de Fernando Inácio, o irmão mais velho da vítima, João Nelson Inácio, contou que tudo aconteceu quando o malogrado em companhia de amigos deslocou-se a uma das zonas de exploração de diamantes controladas por uma cooperativa de exploração semi-industrial “Samuel ADAM”.

“O meu irmão, devido ao desemprego, foi a procura de sustento da família como é habitual, colaborando com os mesmos seguranças pagando dinheiro para ter acesso ao local de exploração”, disse.

Os critérios estabelecidos pelos agentes de segurança obrigam os garimpeiros ao pagamento de 20 mil kwanzas aos efectivos da empresa “Mosquito”, valor que terá sido pago pela vítima, colocando o grupo de sete elementos a trabalhar no local.

No dia seguinte, segundo fontes familiarizadas com o caso, os mesmos seguranças suspenderam os trabalhos dos garimpeiros e voltaram a cobrar o mesmo valor de 20 mil kwanzas já pagos no dia anterior.

Diante da situação, o grupo comunicou ao seu patrocinador, que não aceitou tal medida, tendo orientado que os garimpeiros voltassem no local de exploração. “Quando o grupo tentava persuadir a segurança, não houve entendimento entre as partes”, frisou outro familiar.

O irmão da vítima que foi a enterrar neste domingo, 12, disse ainda que depois do desentendimento, os seguranças seguiram Fernando Inácio, que já estava de regresso à aldeia que dista a cinco quilómetros, tendo sido abordado já dentro do bairro Kambundula.

Os agentes tentaram agredi-lo o que obrigou a reacção da vítima que tudo fez para defender-se. “Os quatro seguranças manipularam as armas e um deles disse vou matar, vou matar abrindo a patilha e disparou contra Fernando Inácio, atingindo-o na cabeça”, contou.

A vítima foi a enterrar às 23 horas de domingo, 12, num dos cemitérios de Cafunfo. Fernando Inácio deixa sete filhos e a família exige a responsabilidade criminal do agente envolvimento na morte, bem como uma indemnização pelos damos provocados.

Polícia Nacional detém suposto “assassino” de Fernando Inácio

Investigações feitas pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) resultaram na detenção do suspeito pelo assassinato do cidadão Fernando Inácio, 43 anos.

De acordo com uma nota de imprensa da polícia local, o crime ocorreu sábado, 11, quando a vitima, Fernando Inácio, na companhia de sete indivíduos, munidos de material de garimpo, foram surpreendidos a explorar ilegalmente diamantes pelo suposto assassino e seus colegas que se encontravam em rotina de fiscalização ao perímetro da referida cooperativa.

Após o disparo que provocou a morte de Fernando Inácio, refere a nota, a população da aldeia circunvizinha, apercebendo-se do sucedido, em retaliação, desencadearam um acto de vandalismo nas instalações do estaleiro da cooperativa, causando a sua destruição total.

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