Friends of Angola condena repressão contra marcha em solidariedade aos quatro activistas condenados
A organização Friends of Angola (FOA) denunciou a repressão de uma marcha pacífica realizada no sábado, 21 de setembro, em solidariedade aos quatro ativistas condenados pelos crimes de desobediência e resistência, de acordo com os artigos 340.º e 342.º do Código Penal Angolano.
A manifestação, que visava apoiar Tanaice Neutro, Gildo das Ruas, Abraão Pensador e Adolfo Campos, foi impedida pelas forças policiais em Luanda.
Segundo testemunhas, entre elas Luís Antunes, que presenciou as detenções, a polícia justificou a ação alegando a falta de autorização por parte do Governo Provincial de Luanda. Durante a repressão, foram detidos vários organizadores do protesto, incluindo o general Lina, Sapateiro do Kicolo, Luamba, Cassua Gaspar e Gonçalves Frederico.
O incidente ocorre poucas semanas após a detenção de outros ativistas durante uma manifestação pacífica no dia 31 de agosto. Entre os detidos estavam Adilson Manuel, líder da juventude do partido Bloco Democrático, Matulunga César Kiala, Cândido Libertador, Pedro Bangui Manuel e o jornalista Paulino Aurélio, da TV Raiar. A manifestação visava protestar contra o que consideram “má governação de João Lourenço e do MPLA”.
Em resposta à repressão, a Friends of Angola (FoA) manifestou repúdio às ações do governo angolano, acusando-o de abuso de poder e violação dos direitos humanos. A organização lembrou que Angola é signatária de tratados internacionais que protegem os direitos fundamentais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.
A FoA também destacou que a Constituição da República de Angola, em seu artigo 47.º, garante a liberdade de reunião, pedindo o respeito a este direito.
Florindo Chivucute, director executivo da Friends of Angola, questionou até que ponto o governo de João Lourenço pretende levar o país com tais práticas “desumanas e antidemocráticas”, apelando ao respeito pela diversidade de opinião e pensamento.
A organização também fez um apelo à comunidade internacional, incluindo a União Africana e as Nações Unidas, para que prestem mais atenção aos contínuos abusos de direitos humanos em Angola.
A Friends of Angola, que atua na defesa dos direitos humanos e promoção de boa governança em Angola, tem estatuto consultivo especial no Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) e é observadora na Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos.
Com/CK