Em Cafunfo: Militares das das FAA voltam a derramar sangue na vila diamantífera
Fonte: O Decreto
Um jovem de 18 anos, identificado por Garcia Joãozito “Zezito”, foi baleado mortalmente com um tiro na cabeça, ao princípio da noite desta segunda-feira, 8, por efectivos das Forças Armadas Angolanas (FAA), que juntamente com as forças da polícia, segundo a população, mantêm sitiada a localidade de Cafunfo desde os assassinatos ocorridos no dia 30 de Janeiro último.
Dados colhidos no local pelo O Decreto apontam que o facto ocorreu às 19 horas, no conhecido bairro “Bala-Bala”, arredores de Cafunfo, quando dois jovens que se faziam transportar de uma motorizada foram surpreendidos com disparos de arma de fogo feitos por militares das FAA, tendo atingido a cabeça do jovem “Zezito” como também era conhecido pelos mais próximos, que morreu na hora.
“Os dois jovens estavam a passar de uma motorizada, não houve briga, mas de repente os militares dispararam contra eles tendo matado um”, disse uma das testemunhas no local.
O outro jovem, Lino Fernando António, que seguia na mesma motorizada, foi igualmente atingido, mas a bala perfurou uma das pernas e está internado no Hospital Regional de Cafunfo.
O Decreto sabe que o corpo da vítima mortal (Garcia Joãozito Zezito, 18 anos) foi levado de imediato para à 2ª Esquadra da Polícia Nacional de Cafunfo, medida que está a ser contrariada pelos familiares do malogrado, que para além de clamarem que se faça justiça, exigem a entrega do corpo para que seja enterrado com dignidade.
Em Cafunfo a situação continua tensa, um cenário em que a população classifica de “estar completamente em estado de sítio como em tempos de guerra”.
“O Governo afirmou que, houve mortes de cidadãos em Cafunfo porque os manifestantes foram com armas de fogo, meios contundentes, caçadeiras e outros meios, para destruir a Esquadra da Polícia em Cafunfo, agora o jovem que foi assassinado a queima-roupa, foi à esquadra para destruir a unidade policial ou das FAA?”, questionou um dos moradores.
A população lamenta o “silêncio” do Presidente da República, João Lourenço, diante daquilo que considera de “atrocidades que são cometidas pelas forças de defesa e segurança do Estado Angolano”.
Os populares de Cafunfo apelam, no entanto a comunidade internacional e a Amnistia Internacional (AI) no sentido de “ver com urgência essa situação que deixa os seus habitantes em clima de hostilidade e instabilidade”.
Entretanto, os activistas e defensores dos direitos humanos na Lunda-Norte, apelam que reine o clima de paz, com vista a se evitar mais mortes em Cafunfo e em outras regiões da província, e do país.