Eleições FAFA: Presidente do Petro Tomás Faria suspeito de apoiar candidatura de Alves Simões
O presidente do Atlético Petróleos de Luanda (APL), Tomás Faria está envolvido numa movimentação directa de apoio à candidatura de Alves Simões à presidência da Federação Angolana de Futebol (FAF), cujo pleito eleitoral acontece no dia 30 deste mês, em Luanda.
O apoio de Faria, que deveria ser discreto ou, no máximo, institucional, surge rodeado de promessas de benefícios financeiros, renovação de parcerias e até suspeitas de corrupção.
Fontes próximas revelaram que, Tomás Faria teve recentemente uma reunião numa manhã, no Catetão, com dirigentes de cinco clubes de formação: Guelson, Power, Kalawenda, Secil e Esperança do Cazenga.
No entanto, curiosamente, apenas quatro desses clubes estão aptos a votar nas eleições para a FAF, uma vez que, o Esperança do Cazenga, liderado por Lauriano Zuanga, não possui elegibilidade para o acto.
A presença deste último na reunião levanta questões sobre intenções ocultas, sobretudo face às promessas de renovação de parcerias.
Segundo as mesmas fontes, o presidente do Petro de Luanda, Tomás Faria anunciou aos clubes presentes, a intenção de restabelecer parcerias que haviam sido abruptamente encerradas há alguns meses, após uma assessoria da La Liga ter aconselhado a revisão dos vínculos.
Na altura, Tomás Faria justificou o rompimento com a falta de retorno desportivo dos clubes formadores, que não forneciam talentos ao nível que o Petro de Luanda esperava. Com esse corte, os clubes deixaram de beneficiar de contratos que lhes garantiam entre 300 e 500 mil kwanzas.
Contudo, às portas de uma eleição decisiva, a promessa de reatar esses acordos reaparece. Faria insinuou ainda que a criação de uma liga, associada à candidatura de Simões, traria novos financiamentos e garantiu que “haverá maior bolo financeiro para distribuir entre os parceiros”. A promessa de fundos vultosos é tentadora, mas levanta interrogações quanto à integridade do apoio.
A influência do Petro de Luanda no futebol angolano é inegável e, com o apoio a Alves Simões, o dirigente do Petro, parece pretender perpetuar essa posição. A lista de Simões apresenta Aurélio da Silva, antigo atleta e agora dirigente, como vice-presidente, o que representa uma continuidade do domínio do Petro no xadrez federativo.
O interesse do Petro na liderança da FAF é um segredo aberto, e esta campanha insinua uma vontade de continuar a moldar o cenário do futebol angolano. No entanto, como Tomás Faria conduz esta campanha levanta sérias questões sobre a transparência do processo eleitoral e a verdadeira motivação por trás desse apoio.
Um detalhe alarmante é a utilização de fundos provenientes da Sonangol, estatal angolana, nesta movimentação política de Faria. A Sonangol já havia manifestado preocupações com o envolvimento da direcção do Petro em escândalos anteriores e poderá cortar o apoio financeiro caso o clube volte a estar ligado a polêmicas.
O uso de verbas públicas com fins eleitorais — ou para promessas a clubes de formação — configura, ao que tudo indica, um quadro de corrupção indirecta. Fontes ligadas ao sector adiantam que a Sonangol consideraria suspender o financiamento ao Petro, caso o clube persista neste tipo de acção.
Com os rumores de uma possível auditoria às contas do clube e as preocupações expressas pela PGR, esta movimentação pode acarretar consequências graves para o presidente do Petro. A confirmar-se a existência de irregularidades financeiras ou corrupção, a FAF poderá impor uma suspensão de dois anos, o que seria devastador para a imagem do clube e, naturalmente, para o próprio Faria.
Além dos cinco clubes mencionados, sabe-se que Renascer, Moniz e Acácias também participaram na reunião.
O Acácias, em particular, encontra-se numa disputa com o Petro de Luanda devido a alegações de adulteração de idades de atletas. Esta problemática é apenas mais uma numa série de contendas que têm gerado fricções entre o Petro e os seus parceiros de formação.
Os contornos desta reunião e as promessas feitas em troca de apoio eleitoral levantam a possibilidade de consequências legais e disciplinares. Caso se confirme que os clubes presentes foram incentivados a apoiar Simões em troca de vantagens, poderá tratar-se de um caso de corrupção eleitoral.
Com a eleição marcada para o próximo dia 30, o desenlace deste processo será, sem dúvida, seguido de perto. A candidatura de Simões, apoiada pelo presidente do Petro, promete uma nova era de liga milionária e maiores retornos financeiros aos clubes filiados.
No entanto, os métodos e promessas que têm sustentado esta campanha levantam questões cruciais sobre a lisura do processo e a moralidade dos envolvidos.
Tomás Faria encontra-se, assim, numa posição arriscada, com o futuro do Petro de Luanda em jogo e as autoridades a monitorizar os seus passos. As próximas semanas serão decisivas, não apenas para o futebol angolano, mas para a integridade de uma eleição que, segundo críticos, já está comprometida por interesses obscuros e promessas de última hora.